Papo Lemonade Plug-in com Simon Holmedal


O Papo Lemonade Plug-in são entrevistas traduzidas aqui no Layer Lemonade, mas feitas por outros sites especializados. A entrevista original com Simon Holmedal foi realizada pelo site Motionographer.



Motionographer
– Onde tudo começou com motion design? Você sempre quis trabalhar no campo criativo?

Simon – Quando jovem estava realmente de cabeça na computação e experimentando coisas relativas a isso. Ficou claro muito cedo que trabalharia com conteúdo criativo de alguma forma. Eu realmente curtia programação e produção musical, mas somente aos 17 anos me tornei estagiário na empresa de meu irmão (Stylewar), onde fui exposto ao mundo do Motion Graphics. Levou ainda alguns anos até decidir que isso era o que queria.

Então fui estudar design gráfico na Forsbergs School of Communication em Estocolmo. Entretanto, abandonei o curso após um ano, pois queria focar meu aprendizado na área de motion design. Assim me juntei ao Hyper Island Motion Creative Program.
F3.-Random-styleframe-for-pitch

M – Certa vez você disse que seu estilo é ou sombrio e opaco, ou luminoso e colorido. É isso mesmo? Pode explicar sua filosofia de design?

S – É verdade: acho que é importante ser claro com as intenções. Seja direto o quanto puder com coisas como iluminação de cenas, sombras e composição (tudo!). Tenha certeza de que tudo é motivado e tenha propósito. Essa é a forma de alcançar execuções mais abstratas, pois o tom já existe. Luz e som possuem grande importância na experiência total. Mas se pudesse escolher, sempre me inclino a trabalhar em ambientes mais sombrios e cinematográficos. É muito divertido de criar coisas que estão na cabeça e fazê-las parecer tangíveis.

M – Você trabalhou em inúmeros projetos ao longo dos anos, de comerciais para Nike a pacotes de identidades visuais para canais de Tv. Qual seu projeto favorito?

S – Um dos meus favoritos é, definitivamente, Hypervenom. Esse projeto quebrou minha cabeça. Primeiro e mais importante: é sombrio, inesperado e te soca no estômago. Muitos dos shots são desconectados, mas foram editados de forma a sempre parecer um “fluxo quebrado”. Basicamente, usamos match cutting sobre composições similares e/ou momentum para carregar a edição e conectar os shots. No fim, tornou-se muito dinâmico e progressivo. Realmente permitiu visuais interessantes sem parecer muito literal.
F2.-Nike-Hypervenom

M – Qual seu processo ao abordar um projeto?

S – Varia de projeto a projeto, mas a toda hora tento encontrar transparência e foco na mensagem que precisa ser comunicada. Basicamente, achar a motivação para a peça. Uma vez identificada, procuro entre referências ou arquivos de cenas antigas que possam ter alguma relevância para o que tento criar. Esse estágio é inteiramente sobre
encontrar fronteiras – qual é o mínimo e onde é demais?

Quando sinto que há um alicerce suficiente, começo a explorar técnicas distintas. Tento trabalhar de forma procedural o máximo possível, então começo de baixo, mas com o topo em mente.

Acredito que se encontrarmos essa transparência e foco no início do projeto, nos previne de problemas vindouros; permitindo que tenhamos tempo para desenvolver e criar depois.

M – Pode descrever como seria um projeto/cliente dos sonhos?

S – Talvez uns créditos iniciais de algum filme. Eu realmente gosto de colaborar com pessoas inspiradoras e que te empurram ainda mais para o alto. Não há nada melhor do que se inspirar em outros artistas e agir de acordo; é como voltar a ser criança. No que concerne aos clientes, o principal (novamente) é transparência. Contanto que estejamos em sintonia, sobreviveremos às expectativas do cliente e, quiçá, excedê-las. Assim ganhamos confiança.

M – Como é o seu dia-a-dia?

–  Como todos sabem, a vida começa após o café da manhã. Geralmente tomo café a caminho do trabalho. Quando no estúdio, tento identificar minhas tarefas mais importantes – coisas que se fizer corretamente serão de maior importância, independente do projeto. Gasto muito do meu tempo construindo solvers para Houdini. É tipo ser um cientista: você tem uma teoria e tenta descobrir como as coisas funcionam. Então aplico o que aprendi de maneira a criar novas e, quem sabe interessantes expressões que podem se tornar úteis em projetos futuros.

O tipo de tarefas que caem na minha mesa são as tecnicamente mais difíceis. Realmente gosto do processo de solucionar algo e, em seguida, tomar como base sistemas antigos. É algo estranho, mas incrível.

M – Você é um cara tecnicamente versado, mergulhado em coisas como Python, XPresso e Houdini. Você já teve aquele momento “puta merda!”, em que ficou travado numa ideia para resolver/entregar a tempo? Isso te assusta?

S – Ah sim, hahaha, isso sempre acontece! Contudo, com os anos, provei pra mim mesmo que, não importa como, sempre há uma solução (mesmo que não esteja clara logo no início). Costumava ficar assustado nesses momentos, mas hoje em dia nem tanto.

O fato do Houdini ser completamente “aberto” faz com que seja uma ferramenta muito flexível, então há sempre uma solução. É somente uma questão de tempo, mas se não houver prazo você tem um problema, pois nessa área as coisas podem ficar complicadas muito rápido.

M – Daqueles que estão ativos na indústria, quem te impressiona mais?

S – Sou grande fã do PostPanic. Eles criam as melhores coisas por aí. Artes conceituais incríveis, muitos efeitos visuais, mas tudo criado de um jeito que não encontramos o tempo todo. Além disso, tenho grande admiração por Alex Roman. Ele mudou minha visão sobre 3D mostrando que podemos criar coisas fantásticas quando combinamos um olhar fotográfico/cinematográfico com expertise técnica.

M – O que é mais difícil na carreira de motion designer/diretor técnico?

S – Como motion designer você é, primeiramente, um designer, mas além disso precisa ter know-how para criar um projeto do começo ao fim sozinho. Manejar o tempo é importante, pois há muito a aprender e pouco tempo disponível.

Já a direção técnica exige que resolvamos tarefas em um nível especial, sem esquecer do apelo visual. Isso é extremamente complicado em alguns momentos, pois mudar sua configuração cerebral entre design e programação não é tão simples. Mas, ao fim e ao cabo, eu crio melhor quando inspirado, e o que me inspira são justamente os aspectos técnicos.

M – O que te motiva?

S – o processo de criar. É sempre gratificante. Adoro ser inspirado por outros artistas e aprender coisas diferentes. O único momento de minha vida que estive meio depremido, foi quando não estava criando ou aprendendo. Sou viciado nisso.

M – Algum hobbie fora do motion design?

S – Claro, curto filmes, skate, snowboard, vídeo games, drones, andar por aí atoa, beber café, sair com amigos, viajar. O corriqueiro.

M – Onde você se enxerga no futuro? Há coisas que não fez e gostaria de fazer?

S – Bom, gostaria de continuar expandindo meus horizontes e descobrir novas coisas. Conhecer gente nova e talvez algum trabalho mais do tipo VFX.

 

M – O que faz um bom motion designer?

S – Acredito que o mais importante é ser curioso sobre como as coisas funcionam, e ser tolo o suficiente em pensar que se é capaz de aprender e fazer de tudo. Pois quando se sabe o quão difícil é criar algo desde o início, talvez nem tente. É bom também saber os motivos que permitem que algo seja bonito; se não compreender isso, não estará apto a conceber coisas belas.

M – Como a disponibilidade de informação e maior poder computacional mudou a cena motion design? Mudou algo pra você?

S – Ah, sim, o mundo mudou com certeza. Adoro como o hardware e software continuam ficando melhores e melhores. Coisas que fazemos hoje seriam impossíveis há 5 anos. E com renderização via GPU, podemos ter nossa própria render farm.

Como artista solo, você pode concorrer diretamente com grandes estúdios. O que esquecemos, no entanto, é que em breve estaremos todos renderizando cenas stereoscópicas a 8K, e conteúdo VR a 120fps. Então provavelmente nunca teremos hardware o bastante.

M – Qual é o melhor conselho que daria a comunidade?

S – Acho que o principal é ser claro em seus objetivos. Se não sabe quem quer ser, será complicado aprender algo. Se não sabe quais são suas metas, pergunte a si mesmo o que faz bem. Provavelmente você é bom naquilo que te diverte.

Então, fique melhor naquilo que te diverte e prometo que grandes coisas acontecerão. Antes que perceba estará trabalhando, ou nos piores caos estará se divertindo.

Fonte: Motionographer

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