Papo Lemonade com Greg Gunn

Com mais de uma década de experiência, Greg Gunn é um animador e diretor norte-americano talentosíssimo, que acumulou um portfólio rico e diversificado. Como Diretor de Criação na Blind, ajudou a criar conteúdo para marcas como Snapchat, Disney, Sony, Nat Geo e Starbucks.

Layer Lemonade – Bem-vindo ao Layer Lemonade, Greg! Vamos começar nossa conversa: O que você queria ser quando criança? Seus sonhos e desejos foram alcançados? Conte-nos em poucas palavras como tudo começou: onde você nasceu e cresceu e como veio parar nessa entrevista?

Greg Gunn – Se eu fosse um super-herói, então essa seria a minha história de origem, certo? Hum, não pensei nisso antes.

Desde criança passei muito tempo desenhando. Carros. Paisagens urbanas. Personagens para jogos de vídeo-game falsos. Eu também desenhava esses animais estranhos como uma meia girafa, meio tigre; coisas que cuspiam fogo.

E eu joguei um monte de jogos. Jogos de vídeo-game, jogos de tabuleiro, jogos de cartas. Qualquer coisa que chegava em minhas mãos. Amava Mega Man, Magic the Gathering e jogos de tabuleiro de fantasia como Hero Quest.

Não me lembro de pensar sobre o que queria ser até a adolescência. E naquele momento eu queria ter uma banda e fazer turnês pelo mundo. Cresci nos subúrbios de Los Angeles, numa procura constantemente por uma passagem para Hollywood. Perseguindo ‘aquele’ sonho.

LL -. Você é um cara bem versado, dominando técnicas de animação e posições importantes dentro de projetos. Todo esse conhecimento vêm dos erros e acertos que a vida oferece, ou muito do que você sabe hoje é devido aos cursos e escolas que fez?

GG – Tenho sido muito feliz ao longo dos anos com meus sucessos. E não me interpretem mal, trabalhei muito duro por eles também. Dormi no meu carro muitas noites porque não queria sair da escola.

Sua pergunta me fez pensar no ditado “Sucesso é onde a preparação e oportunidade se encontram.”

O que acho que está faltando nesse sentimento é ser capaz de perceber e aproveitar a oportunidade quando ela se apresenta. Alguns chamam isso de estar no lugar certo na hora certa, mas a capacidade de ver o que está acontecendo atualmente e capitalizar sobre isso é uma habilidade importante.

No meu caso, acho que é um pouco de todas essas coisas.

LL – Como é ser um Diretor de Criação? O que você precisa saber e ter para executar esta função com maestria?

GG – Provavelmente não o que você pensa. Discuti este assunto profundamente em um post chamado “The Art of Creative Control”para os interessados ​​em mais detalhes.

Na minha opinião, um diretor criativo é semelhante ao capitão de um navio de cruzeiro. Seu objetivo é garantir que tudo e todos são cuidados.

Você está olhando para frente, para o horizonte, e toma decisões com base no que observa e na sua experiência com esses mares. Você tem uma perspectiva e uma abordagem muito clara de como encontrar o destino.

Você não é necessariamente aquele que iça a vela ou limpar o convés, mas sabe quem pode fazer e compreende o seu processo para fazê-lo.

Como um diretor criativo, você precisa estar presente. No momento. Você precisa ser um bom observador, saber ouvir e o que perguntar. Deve ser capaz de delegar tanto quanto possível para manter essa presença. E, conforme necessário, trabalhar com a sua equipe para corrigir o curso do navio.

LL – Você também já experimentou o que é possuir um estúdio. O Three Legged Legs, criado por você e outros dois amigos, foi responsável pela produção de muita coisa boa nos seus seis anos de existência. O que levou o estúdio a fechar as portas? Você ainda gostaria de ter um estúdio próprio?

GG – Parece que foi em outra vida. O Three Legged Legs foi uma coisa especial em um momento especial. Nós éramos jovens e fizemos o nosso melhor para produzir projetos que eram criativamente relevantes para nós.

Infelizmente, esquecemos alguns projetos financeiramente valiosos e a quebra do mercado em 2008 não ajudou muito. Em suma, não ter um objetivo claro de negócios e diferentes visões para o futuro levou à nossa decisão de aposentar o estúdio.

Sobre fundar meu próprio estúdio, prefiro pensar no que já tenho. Na verdade, tenho 3 estúdios diferentes – se é que podemos chamá-los assim. Tem a Blind, uma agência de design. Há o The Futur, uma plataforma educacional sobre o business of design. E existe eu, Greg Gunn, a pessoa e criador de conteúdo.

LL – Hoje você atua como Diretor de Criação na Blind. Como se juntou a equipe e qual foi seu primeiro projeto dentro da empresa?

GG – Entrei para a Blind em 2011, logo após o fechamento do Three Legged Legs. Já conhecia o Chris Do – fundador e CEO da Blind, The Futur e The Skool -, há muito tempo, pois ele foi um mentor para mim durante muitos anos. Aí me juntei a equipe, logo eu, esse desmiolado.

Tentei me lembrar do primeiro projeto que fiz… Mas não consigo. Ele pode ter sido um pitch que perdemos.

LL – O que você aprendeu no projeto Jeff Buckley “Just Like A Woman”? Quando você decidiu produzir esse clipe interativo, chegou a pensar que algo não poderia ser feito, uma vez que foi uma experiência inexplorada?

GG – O projeto Jeff Buckley foi muito divertido. Aprendi muito sobre como abordar vídeos interativos e maneiras de envolver as pessoas; e trabalhar com a galera inteligente e talentosa da Interlude ajudou muito!

Tinha planos exatos para como a experiência do usuário iria funcionar, mas então nós testamos e percebemos ser muito complexo. Isso levou a uma outra ideia, construída sobre a primeira: testamos novamente e ficou bem melhor. Bem mais adiante, depois de muitos testes, tivemos algo para começar a trabalhar. Isso foi um processo completamente novo para mim e realmente gostei. Sem ego, só como isso funciona e qual a sensação de usa-lo? Faz sentido?

Quando eu estava desenvolvendo as ideias para o vídeo, a minha regra era não torná-lo algo de “escolha sua própria aventura”. Já existiam inúmeras experiências nesse sentido, e todas excelentes, e eu não queria copia-las.

LL – Atualmente, após o boom de vídeos interativos, é mais comum encontrar projetos que exploram essa técnica. Em sua percepção, quais serão as novas tecnologias que dominarão o mercado de animação e Motion Design no futuro? Como profissionais criativos, no que devemos prestar atenção?

GG – Se eu soubesse a resposta para essa pergunta, estaria trabalhando nisso há anos haha.

Mas não tenho certeza, há muita coisa acontecendo agora e isso pode gerar inúmeros caminhos. A Realidade Virtual está, certamente, o desenvolvendo coisas interessantes; assim como a comunidade de Realidade Aumentada, mas ainda estamos esperando o killer app – ou a experiência perfeita -, para ambas as tecnologias. Pokémon Go foi provavelmente a tentativa mais bem-sucedida.

Se eu fosse investir meu tempo em tecnologia(e invisto), tentaria de tudo para, pelo menos, estar familiarizado com o processo. Faça um aplicativo ou um sticker pack, ou AR effect básico. Aprenda algo novo e pense em como fazer funcionar a seu favor.

LL – De acordo com sua publicação mais recente no TL; DR, você se casou e aproveitou esse momento. Como você equilibra trabalho e vida pessoal?

GG – Isso ainda é recente e estou descobrindo como equilibrar agora. Quero dizer, vou trabalhar todos os dias no mesmo horário, volto para casa e etc. Mas não me mato mais de trabalhar. Acordo cedo e fortaleço meu processo mental – talvez gravando tutoriais, escrevendo algo ou trabalhando em um projeto inteiramente novo como o que conversamos acima. Isso é importante pra mim.

Do mesmo modo com minha família. E o meu cão. E o meu desejo de experimentar a vida com eles. Acho que o equilíbrio é uma constante que devemos trabalhar duro para alcançar. Ele muda a cada dia com base no que está acontecendo no trabalho e vida pessoal.

LL – Para você, qual é a importância de trabalhar em projetos pessoais?

GG – Projetos pessoais são ótimos e muito difíceis de se comprometer. Acho que tenho 4-5 animatics para projetos que nunca verão a luz do dia. Não porque são ruins (ou talvez sejam, já faz um tempo), mas porque eu ou perdi o interesse, ou não tenho um objetivo claro em mente.

Meu conselho para quem está começando um projeto pessoal seria mantê-lo simples. Não vai ser sua obra-prima ou a última coisa que fará. É sobre processo, não resultado final.

Pense à frente por um momento, quando o projeto estiver concluído e você olhando-o. O que você quer ver? O que você quer ter aprendido ou experimentado? E mais importante, o que quer fazer com ele?

Prefiro que todos os meus projetos pessoais trabalhem para mim, suportando um vislumbre maior do que eu gostaria de realizar.

LL – Qual é o melhor conselho que você pode dar a um novato no campo criativo?

GG – Eu amo e odeio essa pergunta porque é muito aberta. Mas provavelmente sou eu sendo preguiçoso e não querendo assumir nada. Me perguntam muito isso e a única resposta que posso dar é torne-se um grande ouvinte.

Simpatize com aqueles que se envolve. Não espere que sua chance de falar, ouça o que estão dizendo e, em seguida, processe em tempo real. Faça uma pergunta para acompanhar ou esclarecer. Esteja presente.

É muito mais difícil do que parece, mas vai ajudá-lo a crescer tanto como pessoa quanto como profissional.

RAPIDINHAS

LL – Citação Favorita?

GG – “A experiência é simplesmente o nome que damos aos nossos erros” – Oscar Wilde

LL – Uma música para inspirar?

GG – Jungle “Busy Earnin’.

LL – Ferramenta favorita?

GG – Pen com tinta preta.

LL – Limonada ou cerveja?

GG – Gosto de uma boa Pilsner


LL – Muito obrigado pela entrevista, Greg! Desejamos tudo de melhor para você!

GG – Obrigado pelo convite! Foi um prazer. Se alguém tiver mais perguntas, ficarei feliz em respondê-las. Basta enviar um e-mail para [email protected]

Junte-se a mim em artigos bi-mensais sobre o meu processo criativo em https://www.ggunn.com/tldr/

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