Estamos muito velhos para Motion Graphics? | Ctrl+Alt+N

Essa é uma tradução livre do artigo original “Too old for MoGraph“, publicado pelo Motionographer em 15 de Fevereiro de 2017, e escrito por Joey Korenman do School of Motion.

Nota do Motionographer: A maioria dos artistas da nossa indústria pode atestar o fato de que o Motion Design parece algo de pessoas jovens. Eles se perguntam “Onde estão os profissionais mais velhos?” Existem muitas hipóteses diferentes em torno dessa pergunta: Seria por quê nossa indústria é jovem? Será que todos já deixaram de trabalhar? E se sim, pra onde foram?

Felizmente, Joey Korenman do School of Motion, lança uma luz sobre este tópico. No “Post Convidado” deste mês, pedimos a Joey que investigasse essa questão e ele recebeu ótimas respostas de muitos artistas que se viram perguntando a mesma coisa: “Sou velho demais para ser motion designer?”


Opa. Montanha errada.

Hora da historinha.

É a sexta-feira antes da Páscoa em Boston, e as coisas ficam calmas no estúdio. Dois dos meus animadores estavam terminando algum trabalho e se preparando para ir para casa cedo. Eu? Ansioso para ver se poderia caber 3 Ovos de Páscoa em minha boca, dormir tarde, e brincando com meus filhos.

2 da tarde o telefone toca. Nosso produtor recebe a chamada, e depois me informa que um dos nossos maiores clientes tem um trabalho urgente que precisa ser feito até segunda-feira. Teremos de trabalhar no final de semana, e devo dizer à minha equipe que terão de passar a Páscoa em torno de um trabalho que não terá absolutamente nenhuma qualidade redentora, além do fato de que ser um favor para um bom cliente. Vou discutir a situação com meus sócios, e imediatamente sugerir que digamos “não”, recusando o projeto. Pensei que isso seria razoável.

Meus parceiros não. “É assim que essa área funciona”, disseram. “Vamos fazer.”

Esse foi meu momento “Montanha Errada”.

Tinha 32 anos, e era o diretor criativo de um estúdio que tinha ajudado a lançar. Estávamos fazendo trabalhos nacionais para grandes marcas. Nossos clientes nos amavam. Eu era muito bem pago, e tinha uma equipe incrível para trabalhar. Meu “eu” de 22 anos ficaria encantado de saber que todos esses objetivos tinham sido alcançados. Infelizmente, meu “eu” atual era miserável, e não podia imaginar como meu “eu” de 45 anos seria capaz de continuar pelo caminho que trilhava. Pior, nem sequer conhecia um Motion Designer de 45 anos que não fosse Gerente Sênior em algum lugar ou cuidando do próprio estúdio. Eram minhas únicas opções? Honestamente, não queria nenhuma delas.

Adorava fazer Motion Design, mas odiava administrar um estúdio de Motion Design.

Então, basicamente, tinha passado a última década escalando uma montanha só para chegar ao topo e perceber que… Droga … Subi a montanha errada.

Não é só comigo, é?

Acontece que essa situação é muito comum em nossa indústria. Motion Design é um campo difícil. A energia necessária para sustentar uma ética de trabalho forte e constante melhoria de suas habilidades, são coisas complicadas de manter quando se envelhece, inicia uma família, desenvolve outras paixões e muda de objetivos. Gostaria de saber se sou o único que sente-se assim, ou se poderia haver uma legião de MoGraphers lá fora, lutando com o mesmo problema. Seria possível que eu tivesse sido mais feliz parando a meio caminho da montanha? Deveria ter ficado como um freelancer, tendo menos estresse às custas de não ter meu próprio estúdio? Eu estava obcecado demais por sempre chegar no nível máximo?

Coloquei essa pergunta no Mixed.Parts, no Twitter, e para o grupo de alunos do School of Motion, muitos dos quais estão em seus 40 e 50 anos. Este artigo é a minha tentativa de incorporar os muitos, muitos pontos de vista que estava exposto; e duas perguntas para a comunidade:

  • É mais difícil envelhecer graciosamente neste setor do que em outros?
  • Como os Motion Designers podem se certificar de que terão uma carreira adequada?

Somos todos Motion Designers de meia-idade?

Os artistas saem da indústria depois de um tempo, ou a nossa indústria é tão nova que precisamos esperar mais alguns anos antes de haver abundância de artistas com 40 e 50? O único caminho para a aposentadoria como Motion Designer é atuar tempo suficiente para se tornar Diretor de Criação ou abrir seu próprio estúdio?

Parece que há uma combinação de muitos fatores. Deixar o campo do Motion Design é uma perspectiva muito real, e algo que os artistas que estiveram na área por tempo suficiente têm de se defender. Longas horas e noites viradas são parte do show, o que não é grande coisa quando se é jovem, com menos responsabilidades (estou generalizando aqui, claro.) Mas quando você tem filhos e casa pra pagar, não se pode extremar de nenhum jeito.

“Somos um pequeno estúdio com 4 sócios/animadores. Dois de nossos sócios têm mais de 40 e somos cientes do viés que vive dentro da indústria, e mesmo em nós. Não é apenas por causa da idade, mas também por que pessoas mais velhas são mais práticas – ou seja, não vão querer trabalhar depois da meia-noite todo santo dia. Em algum momento, queremos progredir fora desse padrão, e passar para algo que é mais propício para uma vida familiar, uma vida melhor. Isso certamente não é verdade para todos, mas é para a maioria dos humanos. ”

Amanda Russell, Creme

Perdendo Tempo

Quando cheguei no limite, tinha 2 crianças pequenas que, geralmente, já estavam dormindo quando chegava em casa do trabalho. Isso é tem um preço como pai. Por outro lado, em meus 24 anos, não tinha nenhum problema em dormir sob a mesa em um estúdio se estávamos fazendo algo legal. Como a minha família e outros interesses começaram a ultrapassar o Motion Design em prioridades, eu me preocupava que ficaria para trás na indústria, porque não poderia me debruçar no computador por 12-14 horas diárias.

“Tenho agora 35 anos e estou relativamente bem. Sou finalmente capaz de gerar renda suficiente para pagar meus empréstimos estudantis, comer decentemente e desfrutar de alguns momentos. No entanto, quanto tempo posso manter isso? Recentemente me juntei a um grupo de “MoGraph Accountability”, e pensei “Como posso manter tudo isso ???” Se me afasto por alguns momentos, perco uma tonelada de informações sobre a indústria e trabalhos… Pra mim, a área de Motion é… RÁPIDA. ”

Christian Prieto

Você tende a se tornar menos produtivo quando mais velho, porque assume mais responsabilidades. Talvez se case, tenha filhos, compre uma casa, inscreva-se em uma maratona… Todas as coisas que são maravilhosas, mas que exigem tempo longe de sua carreira. E minha carreira foi construída constantemente empurrando-me para ficar melhor e fazer mais. É vergonhoso dizer, mas eu estava tão preocupado com o crescimento profissional que nunca considerei a ideia de que poderia apenas… Sabe… Estar contente onde estava. Vários artistas mais sábios que eu descobriram isso.

“Fiz de meus objetivos pessoais a prioridade(ao invés de priorizar o trabalho), especialmente quando minha filha nasceu. Isso significa que meu estúdio não está crescendo tão rapidamente havia planejado? Sim. Quer dizer que eu vejo minha filha todas as noites antes de dormir? Sim!”

Dave Cochrane

“Tenho a sorte de trabalhar em casa numa jovem empresa de tecnologia que valoriza o equilíbrio, e ainda me oferece um trabalho interessante. Agora não trabalho em spots da Nike, mas também aprendi cedo que não deveria ter compromisso de dizer que trabalhei em campanhas de alto perfil. ”

Paul Conigliaro

Seu dia perfeito

Às vezes é útil escrever, em detalhes, o que um “dia perfeito” seria para você. Fiz isso enquanto estava no meio da auto-aversão e da Síndrome da Montanha Incorreta e descobri que meu dia perfeito era o oposto completo do meu dia atual. Essa clareza me ajudou a perceber que provavelmente seria muito mais feliz com um salário menor e menos glória, mas com mais tempo-liberdade. Percebi que quando se está perseguindo uma vida feliz, é permitido comprometer o crescimento de sua carreira… E outros também descobriram isso.

“Minha solução? Ganhar menos dinheiro, infelizmente (?). Nossa casa é modesta, nossas contas são baixas, e bem, nós não viajamos muito… Não podemos todos ser Diretores Criativos ou administradores, e nem todos nós vamos criar estúdios próprios. Isso significa que muitos de nós teremos que aprender a continuar trabalhando nesse negócio como, bem, “pedreiros”. Talvez seja eu? Ainda não tenho certeza. Estou bem com isso, porém, enquanto o trabalho continua chegando, e os clientes estão felizes; e bem, tenho que pagar as contas, cuidar da família, e tomar uma xícara de café todas as manhãs!”

Dave Glanz

Eu adoro o comentário de Dave, porque reforça que nem todos tem de ser grandes na indústria. Motion Design, por incrível que seja, é apenas um pequeno pedaço de sua vida. Às vezes é bom tirar o pé do acelerador e dar as costas por um tempo.

Seguir cegamente um “nível superior” é algo que vi muitos artistas fazer. Às vezes, porém, não é ideia deles! Sua empresa pode ter um sistema onde os artistas júnior se tornam artistas sênior e, em seguida, diretores de arte ou diretores de criação. Chad Ashley, do GreyScaleGorilla, falou sobre este fenômeno no podcast GSG. Ele usou o exemplo de um artista de CG que é mais feliz quando sentado atrás de um computador fazendo o trabalho, mas depois é promovido para gestão:

“Ele será uma pessoa frustrada, esse artista promovido, porque nunca precisou gerenciar antes. E o estúdio não pode “fazer acontecer”, então acabam indo a outro artista e dizendo: “Ehhhh faça isso desse jeito!” E é ruim pra todos os envolvidos. ”

Chad Ashley, GreyScaleGorilla

Bom, eu mesmo me coloquei no papel de direção, então me relaciono totalmente com o que Chad disse. Estava mais feliz sentado atrás de dois monitores, afastado em uma comp do After Effects. Quando tinha que gerenciar 2 ou 3 outros artistas, só queria empurrá-los de lado para fazer o trabalho eu mesmo, porque isso é o que fazia melhor e o que me fazia feliz… Fazer o trabalho. Agora, certamente eu não era o melhor gerente, e um bom gerente nunca iria empurrar um artista de lado para fazer o trabalho sozinho, mas também percebi que gostava de fazer o trabalho sozinho… Muito mais do que tentar deixar outros fazê-lo por mim. Infelizmente, no momento em que percebi isso, tinha me tornado um gerente.

Cuidado com a escada

Al Boardman teve a mesma percepção. Ele perseguiu o sonho de “criar seu próprio estúdio”, porque o via como uma maneira viável de continuar progredindo para os seus anos 50 e 60. Ele viu o trabalho no campo de Design Gráfico e achou que poderia funcionar para ele.

“O campo é concorrido [em Design Gráfico]. É fácil ver-se como um Diretor de Criação ou proprietário de estúdio aos 55, e pode funcionar bem. Não funcionou tão bem para mim, no entanto, pois não gostava de gerenciar as pessoas, os horários difíceis e prazos. Queria minha vida de volta e a liberdade que tinha quando estava começando, não gerando continuamente novos negócios, longas reuniões e administração de negócios. ”

Al Boardman (Um dos criadores de 9-squares)

Esse é o problema com subir a escada. Você acaba com um salário maior e talvez mais autoridade, mas não está fazendo o que ama.

“Temos essa idéia de que precisamos progredir. E o ponto de entrada é o designer e a trajetória é designer/diretor de arte/diretor/diretor criativo/proprietário do estúdio. Claro, pode-se ignorar alguns desses, mas é suposto ser o caminho que tomaremos. O que aprendi é que a cada passo na escada você faz menos e menos o que ama ”

Brian Gossett

Então, para algumas pessoas subir a escada é algo bom. Eles prosperam no novo desafio de gerenciar uma equipe e administrar um estúdio, e há uma abundância de exemplos de proprietários de estúdios incríveis em seus 40 e 50 anos. Mas e quanto ao resto de nós? Onde está o artista de 55 anos trabalhando no After Effects e sendo destaque no Motionographer? As oportunidades secam quando atingimos certa idade?

Abundância, não escassez

Muitas vezes, duas pessoas podem ver a mesma situação de forma muito diferente. Olhei para a indústria e vi a escassez de artistas mais velhos, e isso me levou a acreditar que deve ser difícil ser um MoGrapher mais velho. Acontece que há uma abundância de artistas “experientes” lá fora, e alguns foram gentis o suficiente para compartilhar seus pensamentos e experiências comigo. Mike Beckman, um grande artista no Nuke/C4D/After Effects e pai, me deu um resumo de sua situação atual.

“O freelancer tradicional é fundamentalmente ineficiente. O modelo funciona bem para artistas mais jovens, que podem operar a um preço baixo, mas é uma carreira com um teto perigoso. Então, para mim, trabalhar para alguém estava fora de cogitação, ao menos por um bom tempo.

Felizmente, a produção de mídia é uma dessas indústrias que funciona bem para proprietários individuais e micro empresas, e isso nunca foi mais verdadeiro do que agora. Pessoalmente, a compensação (em oposição a ter emprego tradicional) é a vida que esta indústria me oferece:

Trabalho em casa. Levo meus filhos para a escola todas as manhãs, pego-os todas as tardes e lhes dou boa noite. Mas, para a sua questão, qual será o meu lugar nesta indústria quando eu tiver 50, 55, 65? Eu não tenho ideia. Nos próximos 20 anos, a tecnologia e a indústria mudarão tanto quanto nos últimos 20 anos. Então, ao invés de pensar em estar no topo da montanha errada, vejo isso como estando em uma montanha, olhando para cima e nem mesmo vendo o topo; potencial e oportunidade ilimitados. ”

Mike Beckman

A perspectiva de Mike realmente me inspirou. Onde vi a escassez, ele viu abundância ou, como disse: “potencial e oportunidade ilimitados.” Ele me fez perceber que eu estava sendo míope me preocupando com a capacidade da indústria em apoiar artistas mais velhos, bem como apoia jovens artistas. Concentrando-me estritamente no “crescimento” como uma estratégia de carreira, eu estava perdendo o fato de que ficar mais velho não significa necessariamente que se tem que continuar sendo promovido. Sua base de clientes, bem como seu trabalho pode evoluir ao longo do tempo para melhor se ajustar ao estágio da vida onde estamos inseridos. E há mais de uma maneira “certa” de fazer isso.

“Concordo com a ideia de que aposentadoria é pior cenário. O caminho que vejo é de criatividade, curiosidade, conexão, treinamento e coragem. Com aquela ridícula aliteração liderando o caminho, acho que qualquer um pode ter o que é preciso para sustentar uma vida plena em uma carreira em constante mudança e realização pessoal “.

Austin Saylor

Aposentadoria, como é tipicamente pensado, pode ser apenas uma ideia antiquada. Por que se aposentar do Motion Design, se você gosta? Se nos sentimos animados a cada vez que sentamos na frente do After Effects, nunca quremos parar. Enquanto você pode aprender, você pode ser relevante na indústria. E não temos que seguir o caminho de carreira “típico”, podemos trilhar algo mais pessoal.

Estabilidade no trabalho é ilusão

“Seguir carreira cria uma sensação de segurança quando você é jovem… Mas mais tarde, percebe-se que você pode ter estabilidade em qualquer coisa… E agora que você acumulou um conjunto de habilidades incríveis, o que mais pode ser feito com o conhecimento que lhe trará não só dinheiro, MAS ALEGRIA, DESEMPENHO e estabilidade? E LIBERDADE? ”

Heather Crank

As palavras de Heather são poderosas, e gostaria de tê-las ouvido antes de iniciar minha carreira. Acho que muitos jovens artistas confundem a aparente estabilidade no trabalho com a segurança real do trabalho. Não há garantias de que seu trabalho “estável” em uma grande empresa ainda será depois de 10 anos… Que a sensação de segurança que temos no emprego é ilusão. Quando você envelhece e essa ilusão é quebrada, você pode criar sua própria situação de trabalho, que atende às suas metas de vida e ambições. Uma vez que percebemos que se pode ter estabilidade em um esquema próprio, vemos que há uma abundância de oportunidade lá fora, para um Motion Designer mais velho com uma grande habilidade e anos de experiência.

Mais, mais e mais!

Uma das lições mais difíceis que aprendi foi que há um preço alto a ser pago por perseguir o monstro chamado “Mais”. Eu queria mais clientes, mais pontos nacionais, mais trabalho de ponta, mais dinheiro, mais elogios… Não há nada de errado com ambição, mas quando seguida cegamente, pode levá-lo na direção errada. Se você é um MoGrapher orientado a objetivos de Tipo A, como você mede seu sucesso, se não com prêmios, títulos sofisticados e cheques maiores? Perguntei sobre isso a Lilian Darmono, e ela me contou algo que outro artista lhe dissera:

“Quando um cliente paga por seu serviço e você mantém uma renda saudável ano após ano por décadas, isso é sucesso. Embora você não tenha troféus para mostrar, nem “prestígio” no sentido tradicional da palavra. Sinto que, se encorajarmos mais pessoas a pensar nas coisas dessa maneira, teríamos menos pessoas frustradas, quebradas e desgastadas trabalhando na indústria do Motion, independentemente de sua idade e situação familiar “.

Lilian Darmono

Esta mensagem ecoou em mim. O que me fez perceber é que fui muito bem-sucedido na maior parte da minha carreira, mas acabei demasiado focado no “Mais”. Sentia que vivia sonhando com o futuro, com o momento em que finalmente “conseguia” o que quer que fosse, e que me faria sentir como se tivesse ganho. Eu não estava prestando atenção ao presente, onde realmente era bem-sucedido. Se tivesse refletido sobre a realidade da minha situação… Eu era um Motion Designer de carreira, com clientes felizes… Poderia ter parado um pouco mais abaixo da montanha e evitado decepções.

Frank Walters, MoGrapher  de 51 anos me disse isso:

“Sou feliz todos os dias que tenho a chance de usar animação para ajudar pessoas a contar suas histórias. Talvez o trabalho que faço não seja sexy ou na moda, mas tenho um equilíbrio decente de trabalho e vida, e para minha maneira de pensar, sinto-me abençoado por poder dizer que realmente tenho o trabalho mais legal do mundo. ”

Frank Walters

Frank não está perseguindo o “Mais”. Ele está feliz com sua vida e carreira, e o que mais você pode pedir, realmente? Outra coisa bonita acontece quando você ignora o demônio “Mais Sucesso” e paramos de perseguir símbolos artificiais de prestígio: Você encontra um “Mais” melhor para perseguir… Mais Conhecimento.

“Vi um monte de amigos já no pico de suas carreiras não-criativas começando a estar entediados. Só comecei a fazer Motion Design há 2 anos e (com um pouco de ajuda da School of Motion), sou totalmente viciado e planejo morrer com a minha caneta Wacom na mão. Mas é bastante libertador saber que nunca deveria me preocupar com o pico, sempre há algo novo e legal para aprender.”

Brendan Cox

Criadores compulsivos não podem ser parados

O Designer/Animador/Criador do RubberHose Adam Plouff, tem uma maneira de olhar para o progresso da carreira como “Motion Designer”.

“Ao invés de perguntar o que significaria envelhecer no Motion Design, pense que o Motion é um aspecto de como você faz coisas. Porque limitar-se pode significar que você perca o trabalho que poderia levá-lo ao seu próximo trabalho, que poderia levá-lo a uma profissão totalmente diferente que realmente se beneficia de habilidades que você aprendeu com a prática do ofício de Motion Design.

Sinto que pensar que Motion Design é uma profissão completa, pode prestar um desserviço a você como pessoa criativa. Meu trabalho atual é Full Motion Designer, mas antes fui freela por 6 anos, e antes era editor, e antes fui mágico. Não acho que o Motion Designer é minha forma final porque o que você faz quando tem 32 anos, raramente é o que está fazendo quando tem 64 anos. ”

Adam Plouff

Se você é uma pessoa criativa, nada vai pará-lo… Certamente não a idade. Como a indústria em si fica mais velha, vamos, sem dúvida, ver um aumento no número de artistas em seus 40, 50 e 60. Haverá, espero, um post no Motionographer  – um dia no futuro -, sobre um MoGrapher em seus 70 anos chutando bundas de artistas menos experientes.

“Vamos ver a idade média do artista de Motion subir nos próximos anos. Por quê? Porque nós amamos o que fazemos, e embora as maneiras que criamos mudem, a animação permanecerá complicada como é agora. Tenho certeza de que vou morrer animando uma cena… Sempre serei o fazedor, o que está nas trincheiras sujando as mãos. Eu amo isso – toda a tortura parece valer a pena. ”

Gary Tussey

Ache o seu caminho

Então, o que aconteceu comigo? No final, encontrei o meu caminho. O ato de ensinar foi o que me levou para a ensolarada Flórida, e eventualmente parar de fazer o trabalho inteiramente, lançar o School of Motion – que agora tem mais de 2000 alunos em todo o mundo. Eu nunca fui mais feliz, e posso me ver fazendo isso por um longo tempo. O caminho até aqui era tortuoso, e havia muitas encruzilhadas. Mas aprendi algumas lições muito valiosas que espero ser úteis para qualquer um lutando com os problemas tratados aqui.

Quando eu comecei a escrever isso, esperava dar-lhes alguns conselhos. Assim, nesse espírito, recomendo 3 coisas.

1. Faça o exercício do “Dia Perfeito”.

Tenho que dizer que esse exercício, mais do que qualquer outro, me ajudou a obter clareza sobre qual caminho seguir. O exercício é assim: Imagine uma terça-feira indescritível, dentro de dez anos. Anote, em detalhes meticulosos, tudo sobre esse dia. A que horas você acorda? Onde está você? Tem filhos? É casado? Tem uma longa viagem? Vai de bike um escritório? O que está fazendo para o trabalho? Quanto está ganhando? Quanto tem na conta bancária? Como é sua casa? O que está vestindo? Quanto mais detalhes, melhor.

A coisa interessante sobre este exercício é que, uma vez que você o fez, saberá quase imediatamente se o trajeto que está tem uma possibilidade de chegar no dia perfeito que descreveu. Se o seu caminho atual não chega lá… Bem, terá de escolher um outro. Depois de fazer este exercício me mudei para a Flórida e comecei a ensinar. Isso é o quão poderoso foi a realização para mim, e para a minha família.

2. Abandone a “mentalidade de escassez”

Nós humanos temos essa tendência irritante de pensar que nossa experiência de vida será limitada ao que vemos imediatamente ao nosso redor. Se você tem um trabalho que gosta, tem medo de sair porque acha que o trabalho é a sua única opção… Possivelmente o último trabalho que você terá. Se é freelancer, quer a sensação quando ser chamado toda semana. Você pensa: “Hum… Eu não acho nunca vou ser chamado novamente… Vou perder tudo!” Mas, é claro, nenhum desses pensamentos é verdade. Há SEMPRE empresas que procuram Motion Designers, e há sempre clientes à procura de freelancers.

Quando você está naquela mentalidade de escassez, tende a se agarrar ao que já tem em vez de procurar novas oportunidades. Você precisa de tempo e espaço para mudar de direção, e terá que fazer o ato assustador de largar de mão para estar aberto a novas coisas incríveis. Se o seu dia perfeito inclui você trabalhando em casa e levando seus filhos a escola todos os dias, tenha certeza que terá de abrir mão de algumas estabilidades trabalhistas.

3. Pare de perseguir cegamente o “Mais”.

Esse foi o meu tapa na cara, porque acabei no topo da montanha errada, constantemente perseguindo o “mais”. Era um freelancer ganhando $100K por ano. Eu queria mais. Comecei a trabalhar em jornadas duplas, e contratar meus amigos para ajudar. Eu pulei para $160K por ano. Eu queria mais. Abri um estúdio com alguns parceiros de negócio, funcionários contratados, agências de anúncios agendadas, aprendi a gerenciar uma equipe, ganhou $200K por ano. Eu queria mais. Queria que fôssemos um estúdio “top” como os que via na Motionographer, então nos empurrávamos todos os dias para melhorar, assumir mais riscos, investir no trabalho de especificações… E foi quando finalmente quebrei.

Em retrospectiva, se eu estivesse contente quando estava como freelancer, poderia ter feito isso para sempre. Mas me agarrei à falácia de que sempre tem que haver uma “próxima coisa” para a carreira. Então, meu conselho é descobrir o que te faz feliz, e depois fazê-lo. É isso aí. Se você gosta de animar no After Effects mais do que qualquer outra coisa, você pode não gostar de ser um Diretor de Criação. Você pode odiar possuir um estúdio e ser um empresário. Então não seja nenhuma dessas coisas. Tudo bem admitir que: “Eu não quero ir mais alto do que isso na cadeia alimentar.” Você pode continuar a melhorar como artista e pagar suas contas sem se tornar aquele ideal que imaginou aos 22 anos de idade. Seja feliz com “o suficiente”.

Quero agradecer a todos que responderam ao meu post da Mixed.Parts ou que me enviaram um e-mail com seus pensamentos. Cavar neste tópico deu-me uma tonelada de confiança que nossa indústria estará por aí por pelo menos os próximos 100 anos, e que nós estaremos cercados logo pela abundância de MoGraphers felizes, mais velhos em seus 50 e 60 que podem ser exemplos para o geração mais nova. Eu sinto fortemente que Motion Design continuará a amadurecer e evoluir como indústria, e que vamos amadurecer e evoluir com ele.

Descobrir o que te faz feliz, e fazê-lo. Nem mais nem menos. É assim que você tem uma carreira longa e próspera no Motion Design.

E finalmente, para o jovem ambicioso com 20 anos, que quer começar o próxima Buck um dia, eu digo: Viva um dia de cada vez, aproveite a viagem, e olhe para cima de vez em quando para ver se ainda está na montanha certa. O seu eu mais velho vai agradecer.


Fonte: Motionographer

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