The Asylum e a importância do foco em mercados de nicho

Sharknado, filme da produtora The Asylum, conta a história de um tornado recheado com tubarões. Isso mesmo. Caso você ainda não tenha visto (a franquia está no seu quinto filme), o Plot é tão absurdo quanto o nome sugere: Shark + tornado = Sharknado. O orçamento total do primeiro filme foi menos de US$ 2 milhões, além de não ter sido distribuído para salas de cinema (um dos processos mais caros de qualquer filme).

Paul Bales, diretor da The Asylum, afirma que este mercado de Filmes Z “é como qualquer outro mercado, em vez de vendermos melancias, estamos vendendo filmes bizarros”.  E os caras são tão bons nesse tipo de negócio, que apenas no encontro comercial em Cannes no ano de estréia de Sharknado,  fecharam a distribuição do filme com vários canais on-demand e revenda de DVDs com empresas do mundo inteiro.

O negócio da Asylum funciona mais ou menos assim:  a empresa faz dois lançamentos de filmes por mês, e distribui internacionalmente após 3 semanas deste lançamento. Ou seja, é muito pouco tempo para se fazer tudo. A maioria dos orçamentos não passam da casa dos US$ 200.000 e, com raras execeções, os filmes vão para o cinema. Atualmente, a produtora também opera produzindo séries para canais de televisão, como é o caso de Z Nation (SyFy).

Grande parte das produções, são no formato made for TV e não gastam em nada com publicidade e marketing. “Nós não fazemos um filme a menos que saibamos onde vamos vendê-lo”, diz Bales. “Então, não começamos a filmar até ter uma boa idéia. Quando uma idéia vem sob encomenda, analisamos friamente se vale a pena “.

Alguns dos maiores filmes do The Asylum – their breakout, crossover, mega-hit, surgiram de encomendas de terceiros. Uma vez, Um distribuidor japonês (a The Asylum é famosa no Japão) perguntou se eles poderiam fazer um filme sobre um mega-tubarão lutando contra um polvo gigante. Eles disseram que sim. E, assim, nasceu o Mega Shark vs. Giant Octopus, estrelado pelo astro dos anos 80, Lourenço Lamas.

“A produtora cria um nome, um cartaz, contrata o elenco, e, depois de 12 dias, o filme já está gravado. DOZE DIAS!!!!!!! E aqui, vale sublinharmos outra informação: a produtora vai do roteiro ao lançamento de um filme em menos de dois meses. E apesar dos filmes terem nomes esdrúxulos, Paul Bales ainda afirma que “os melhores filmes são aqueles em que você identifica a história com base apenas no título”.

Bales também é o diretor de operações do Asylum e coloca os filmes Z da empresa em três categorias, com base no orçamento:

1 – Filme para a televisão – Geralmente, SyFy e Lifetime

2 – Filmes com de casting de peso  –  como Tara Reid e Lourenço Lamas.

3 – Filmes com efeitos e pós-produção “pesada”.

“99% de nossos filmes estão bem abaixo de um milhão de dólares”, diz ele. A faixa de US$ 200.000 é para “comédias românticas e filmes de terror”. Os filmes de terror são a última categoria e vêm “bem abaixo de US$ 100.000”. Para o diretor, é um ótimo negócio, pois eles custam pouco e vendem bem.

Via Vashi visuals

Em seu livro, The Knockoff Economy, os professores de direito Kal Raustiala e Christopher Sprigman argumentam que, em algumas indústrias, onde as leis sobre propriedade intelectual são frouxas , negócios deste tipo tendem à prosperar.  Apesar de defenderem a importância de empresas como a The Asylum, que aproveitam das brexas de direitos autorais em algumas obras, no final, acabam ajudando filmes conhecidos a terem ainda mais autoriadade, uma vez que são “copiados”. Mas, o real motivo desses filmes existirem é por que a cópia de algo conhecido é um meio de distribuição rápida, como é caso do filme Atlantic Rim (paródia do filme Pacific Rim).

Apesar da produtora soar como uma pastelaria de mal-gosto para alguns, seus números nos dizem que por trás dos filmes e roteiros bizarros, há muita consciência e conhecimento de mercado. Exemplos como o da The Asylum nos mostram a importância de se especializar e focar em um nicho específico. E que isso é mercado, além de um interessante modelo de negócios, não importa em qual nicho você atue.

Nota: A entrevista de Paul Bales foi concedida originalmente ao site fortune.

 

 

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