A melhor maneira de usar referências

Ah, as referências! Não vivemos sem elas! Elas nos inspiram e guiam nosso processo criativo. Mas o uso de referências pode, também, nos jogar em algumas armadilhas, como, por exemplo, a criação de projetos muito parecidos com os de outros designers. Existem maneiras eficientes de encontrar, usufluir, e aproveitar o máximo das referências sem cair em valas comuns e mantendo a nossa originalidade?

Afinal, para que servem referências?

As referências tem duas funções: te inspirar e guiar o rumo visual de um projeto. É muito difícil saber o que um cliente espera, esteticamente, de um projeto, sem utilizar de imagens já criadas anteriormente. O problema é que isso pode, muitas vezes, matar a originalidade.

Se guiar através de projetos de outros artistas para construir seu caminho visual pode ser extremamente limitante. Por isso, é mais interessante que você se baseie em referências de projetos diferentes daquele que você está prestes a executar. Por exemplo: é possível usar como referência o design de uma revista ou de um website para criar um vídeo de motion. Basta se perguntar: qual é o estilo de animação que combinaria com esta revista/site? Devemos nos aproximas cada vez mais do uso da referência para inspiração, e cada vez menos para guiar nossos projetos.

A busca constante por referências também vai te deixar familiarizado com as tendências do momento. No mundo de hoje, é muito comum encontrarmos muitos projetos parecidos, já que, muitas vezes, estamos expostos às mesmas referências. Portanto, referências são importantes, inclusive, para revelar tendências e te mostrar o que é clichê e o que é diferente.

Fotografia de Al Mefer.

Combinando referências

Outra estratégia para gerar originalidade é combinar várias referências diferentes. Usar alguns elementos daqui e outros dali vai te ajudar a chegar a um resultado único.

Ao encontrar uma boa referência para seu projeto, você não precisa, necessariamente, aproveitá-la como um todo. Você pode ver uma animação e dizer: “eu gosto de como eles fizeram os letterings nesse projeto” – e incorporar apenas esta parte à sua ideia. Quanto mais elementos de lugares diferentes você conseguir combinar, mais original será.

Fotografia de Al Mefer.

A essência da referência

Procurando referências para um projeto, sempre nos deparamos com imagens de encher os olhos. Para poder extrair o melhor que ela tem a oferecer, precisamos nos perguntar o que faz aquele design tão bom. São as cores, o contraste, as texturas, a tipografia? Só depois de extrair a essência do que faz daquele design tão bom é que podemos saber quais elementos aplicar aos nossos próprios projetos.

Gaste algum tempo observando e refletindo sobre a peça. Preste muita atenção ao detalhes que costumam fazer toda diferença. Afinal, se você não sabe o que faz um design ser o que é, a única forma de aproveitá-lo seria, realmente, copiando.

Fotografia de Al Mefer.

Busque fora do design

Uma vez fui a uma palestra do Fred Gelli, designer da Tátil, responsável por grandes projetos de design como a identidade das Olimpíadas Rio 2016. Nunca me esqueci de uma experiência que ele contou, de quando ele ainda era um estudante de design.

Ele recebeu a tarefa de desenvolver uma embalagem de biscoitos, e, para isso, foi ao supermercado e comprou todos os produtos com embalagens diferentes que encontrou. Foi conversar com sua professora, em busca de orientação, e mostrou as embagens que tinha encontrado. Vários materiais, cortes e acabamentos diferentes…

A professora olhou e, então, jogou todas no lixo. Disse que estava procurando referências no lugar errado. Que ele não devia procurar por outras embalagens para encontrar inspiração. E deu como exemplo: já parou para pensar o quanto a natureza é cheia de referências? Já parou para ver como as frutas são os melhores exemplos de embalagem? Olhe uma banana, por exemplo. Ela tem uma embalagem extramamente prática, fácil de abrir, protege a fruta e ainda é totalmente amigável.

Guardo essa mensagem comigo até hoje. Existem abundantes inspirações no nosso mundo, só devemos ter os olhos para vê-las.

Fotografia de Al Mefer.

Construa seu estoque de referências

Todo designer deveria ter seu estoque de referências. Passear pelo Behance ou qualquer outro site para se inspirar deveria ser uma atividade diária e, portanto, é sempre bom salvar as melhores referências que encontramos para usar posteriormente.

Ter uma pasta com as referências classificadas e agrupadas pode faciliar muito quando você precisar delas. Divida em pastas como: referências 2D, 3D, tipografia, personagens, etc… Vale colocar a mesma referência em mais de uma pasta diferente. Alimente a sua biblioteca frequentemente e você sempre terá boas referências de forma prática e rápida quando precisar.

As imagens que ilustram este artigo são do projeto de fotografia Moroccan Nights de Al Mefer. Quer um projeto melhor que este para ter referência de cores, por exemplo?

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