Como passei de um Designer Gráfico tradicional para um Motion Designer

Desde a metade da minha graduação em Design Gráfico, eu já tinha algum interesse pelo Motion. Até porque eu ilustrava e queria ver meus desenhos ganhando vida.

Porém, terminando o curso, depois do estágio, fui contratado por uma agência de publicidade onde eu trabalhava exclusivamente com design impresso. Cartões de visita, projetos editoriais, sinalização, embalagens… tudo dependia das gráficas! Tudo usava CMYK (padrão de cores para impressão). Tudo bem distante do Motion.

Neste artigo vou contar como conseguir deixar a vida de Designer Gráfico tradicional e me tornar o que eu sou hoje, um Motion Designer full time!

Tutoriais e horas extra

Aprender sozinho através da internet é sempre vai fazer parte da vida de um Motion Designer. Os projetos reais sempre nos colocam desafios e requerem conhecimentos que não dominamos ainda. A sorte é que está quase tudo disponível na internet.

E é assim que a maioria começa. Eu mesmo, quando fiz o curso Motion Design Essencial, já trabalhava com After a um bom tempo. Fiz para poder solidificar e organizar o conhecimento que eu já tinha.

Portanto, se você é de qualquer área e está pensando em migrar pro Motion, saiba que boa parte do caminho você trilhará sozinho. E claro, vai ter que dedicar algumas horas extras para estudar e fazer projetos por conta própria.

Isso porque, para entrar definitivamente na área, você precisa já ter um portfólio, mesmo que pequeno. Você precisará fazer isso sozinho. Pode criar projetos pessoais ou trabalhos para clientes pequenos. Além do mais, como Designer Gráfico, sempre dá pra incluir algum motion nos projetos. É sobre isso o próximo tópico!

Aplicar motion nos projetos que não têm motion

Eu sempre tentava enfiar motion onde eu podia quando trabalhava na agência de publicidade. Além de praticar o que eu realmente queria, me mostrava proativo e sugeria ir além dos escopos dos projetos.

Os projetos de identidade visual são o melhor exemplo. Costumávamos desenhar marcas que não tinham, a princípio, pretensão de serem animadas. Mas o que eu sempre tentava fazer era apresentar a marca com alguma animação que explicasse o conceito e, ao final, revelava o logo desenvolvido. A animação tinha aquele efeito de “UAU” e praticamente todos os projetos apresentados desta forma eram aprovados de cara!

Eu já usei motion até em projetos de sinalização (o que chamamos de wayfinding). Lembro de ter feito uma animação em cima de uma planta para mostrar o caminho que o espectador percorreria numa exposição, e assim poder explicar os sentidos da sinalização.

Mesmo se for um projeto de um livro, por exemplo, que não há nada de Motion, é sempre possível sugerir alguma animação para promover o lançamento nas redes sociais ou divulgar o produto.

Tente inserir o Motion onde der. Você vai ter chances de construir seu portfólio de animação e vai ser percebido como um profissional com um diferencial inquestionável.

Os contatos

A segunda coisa mais importante para entrar na carreira de Motion (a primeira é o portfólio), é ter contatos com produtoras e estúdios que poderão te contratar. Estando numa agência, isso foi super fácil pra mim.

É claro, toda agência precisa contratar produtoras para criar os filmes de suas campanhas. E o profissional da agência que lida diretamente com os estúdios é o RTV. Essa pessoa vai, provavelmente, conhecer todas as produtoras da sua cidade e, se for gente boa, ainda vai ser amigo dos donos. Cole nele, fale que você tem interesse em trabalhar com Motion, e peça o contato das pessoas certas.

Foi dos meus contatos da agência que vieram meus melhores clientes hoje.

Vantagens do designer

Vir do Design me colocou, em alguns aspectos, a frente de alguns profissionais que vêm de outras áreas como a edição, por exemplo. Motion, nada mais é, que Design Gráfico em movimento. Eu já dominava o Design, só faltava aprender animação.

Teorias de cor, princípios da gestalt, proporção e forma… tudo veio do Design. Isso é uma mão na roda quando se trabalha com Motion.

Claro, não é uma regra, mas na minha experiência, foi muito mais fácil me sentir valorizado como animador, do que como um designer que faz marcas e outras coisas “estáticas”. Por algum motivo, as pessoas acham que uma animação com um minuto de duração vale mais do que uma identidade corporativa (que na maioria das vezes, dá muito mais trabalho pra fazer).

Como Motion Designer eu consegui ganhar mais, faço parte de uma comunidade muito colaborativa e continuo sendo e trabalhando com Design.

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