Encontrando seu estilo próprio

Todo mundo admira algum artista que possui um estilo bem marcante. Daqueles que só de ver um trabalho já se sabe quem o fez. Como encontrar seu estilo próprio e quais são as vantagens de tê-lo? Vamos discutir isso neste artigo!

Recentemente, meu amigo e Motion Designer de Belo Horizonte, Gustavo Henrique, ganhou vários badges do Behances por seus últimos projetos. O Gustavo tem postado regularmente em seu Instagram profissional (@GuuTv) várias imagens de projetos em 3D que revelam um estilo bem próprio e marcante. O Gustavo usa sempre um determinado estilo nas formas, paletas de cores semelhantes, luzes e settings de renderização parecidos. Isso gera um trabalho bem autoral e, mesmo que ele modele desde cenários até personagens, tudo parece fazer parte de um mesmo universo.

Estilo criado pelo @GuuTv . O mesmo estilo se aplica a diferentes ilustrações.

Fui conversar com ele pra entender de onde veio este estilo, se foi proposital e onde isso está o levando. O estilo surgiu naturalmente. Ele, na verdade, só reparou que tinha criado um estilo quando as outras pessoas começaram a comentar isso. Um estilo próprio vai evoluindo naturalmente com o tempo, conforme você ganha experiência. Cada pessoa tem seu estilo de falar, andar e se vestir, e isso não foi previamente criado ou inventado, é simplesmente a manifestação da sua personalidade. É o que acontece com seu trabalho.

É importante não confundir estilo com tendência. Coco Chanel tem uma citação que diz: “moda passa, estilo dura pra sempre”. Seguir tendências é importante para o desenvolvimento do seu senso estético. Claro, usar como referência é diferente de copiar. Porém, seu estilo próprio provavelmente vai surgir da junção das referências que você mais gosta e se sente mais confortável usando.

Temos que aproveitar que existem pessoas boas que estão criando tendências e temos que extrair o melhor daquilo e aplicar ao nosso trabalho” – diz o Gustavo.

O que mais me chamou atenção no papo com o @GuuTv foi o que ele disse sobre “o design estar presente mesmo nas coisas mais bizarras”. Esta é uma reflexão que eu faço desde que comecei a acompanhar o trabalho do Ariel Costa (BlinkMyBrain). O Ariel tem, hoje, um estilo de colagem muito marcante que, apesar de lindo, as vezes parece meio “bizarro”. O “esquisito” dificilmente será tendência. Por ser muito “diferente”, não é qualquer marca que seria capaz de abraçar. O bizarro pode ser lindo, mas isso não é tão simples de alcançar. É preciso ter uma noção estética muito bem apurada para fazer o bizarro ser lindo.

Projeto “Sins” de BlinkMyBrain. Não dá pra negar que existe uma dose de bizarrice neste trabalho.

Ter um estilo próprio pode ter várias vantagens. O valor do seu trabalho automaticamente sobe pois ele passa a ser único. Claro, não é com todo cliente que você poderá utilizá-lo, mas se alguma empresa estiver precisando de um projeto exatamente com o seu perfil, ela provavelmente estará disposta a pagar mais por isso. O Gustavo também aumentou bastante o número de seguidores no instagram e eu arriscaria dizer que os badges que ele recebeu do Behance também foram resultado da singularidade do seu trabalho.

Claro, existem lados ruins em se ter um estilo muito marcante. Algumas pessoas podem sentir que você é limitado e incapaz de atingir diferentes resultados visuais. Às vezes pode até ser verdade. Se você passar muito tempo se dedicando a um mesmo estilo, você pode sentir dificuldade em fazer algo muito diferente.

Uma amostra do trabalho lindo do @guutv que recebeu um Badge de Ilustração do Behance!

Outro fato importante é que seu estilo próprio não precisa ser, necessariamente, visual. Você pode ter um estilo de animação único. Como você usa o graph editor, o timing das suas animações ou o jeito com que seus personagens se movem… tudo pode constituir sua marca como motion designer.

A verdade é que um estilo próprio não surge da noite por dia. Ele se desenvolve naturalmente. Estilo, nada mais é, que a consequência da sua atitude e personalidade. Pense bem: o que o seu trabalho diz sobre você? A resposta à essa pergunta provavelmente te levará ao seu estilo próprio.

Agradecimento especial ao Gustavo Henrique por ajudar neste artigo. A imagem de capa é do seu último projeto postado no Behance.

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