Todo mundo sabe desenhar

Você sabe desenhar? Neste artigo vou compartilhar minha teoria: de que todo mundo sabe desenhar, só precisa encontrar o seu estilo e se livrar das convenções sobre o que é um bom desenho.

A capa deste artigo é uma ilustração do Alexis Moyano.

Você não precisa se tornar um ilustrador profissional, mas o desenho expande o seu leque de possibilidades criativas, torna mais fácil criar um projeto totalmente autoral, e ajuda muito na hora de “contar histórias” usando animação e motion.

É claro que toda habilidade exige alguma prática pro aperfeiçoamento, mas se você acha que simplesmente não sabe desenhar, não nasceu pra isso, etc, você está errado. Você sabe sim, só precisa aperfeiçoar.

O que atrapalha é que nós temos uma impressão muito limitada sobre o que é um desenho bonito. Uma ilustração de qualidade pode ter diversas formas. Um rabisco feito com propósito e algum treino, pode se tornar uma forma bastante expressiva.

Este pensamento esteve comigo desde muito tempo, no momento que eu comecei a assistir (e me apaixonar) por South Park. É um estilo que passa longe do que seria, convencionalmente, considerado uma boa ilustração. Mas é a “tosquice” que cria um estilo único e personagens expressivos que todo mundo ama.

O objetivo do seu desenho deve ser transmitir mensagens, não representar a realidade com proporções fidedignas ou dentro dos padrões convencionais. Você pode ilustrar com formas básicas simples e ainda assim fazer desenhos incríveis. Tudo que você precisa é se livrar das amarras e descobrir o estilo de traço com o qual você mais se sente confortável.

Eis outro exemplo de um artista que descobri recentemente e que desafia o convencional. Nesse caso, estamos falando de desenhos de lettering. Fabio Maca (@fabiomaca) tem um estilo de lettering absolutamente apaixonante e que questiona tudo que você acredita ser “correto”. Está muito longe de ser um estilo fácil de fazer. Exige muita técnica e estudo. Mas é uma letra que tem toda a expressividade do calígrafo e, com certeza, usa todas as limitações do mesmo a seu favor.

É aí que eu considero que está o segredo. O uso das suas limitações ao seu favor. É a incorporação dos seus próprios defeitos como uma qualidade do seu trabalho. Se você não sabe desenhar mãos, por exemplo, faça a mão que você sabe fazer e assuma aquilo como seu estilo próprio de desenhar mãos.

Nunca se esqueça: saber desenhar não quer dizer saber desenhar qualquer coisa.

Eu, por exemplo, ilustro. Mas seria capaz de fazer um estilo mangá, ou seguir as regras formais de anatomia do corpo humano. Eu não estou interessado nisso, então, não vou estudar mangá e anatomia. Não preciso.

Aqui estão alguns trabalhos que eu considero que seguem essa ideia de incorporar defeitos ao estilo do autor.

Alexis Moyano faz animações com desenhos bem longe do convencional. O seu estilo, combinado com as dublagens incríveis faz do trabalho dele simplesmente genial.

Allan Sieber é um cara com um senso de humor sarcástico que combina perfeitamente com seu estilo de desenho “mal feito”. É isso que faz o trabalho dele tão incrível.

Conrado Almada é um mestre. Ele, definitivamente, não se encaixa no padrão dos “desenhos propositalmente mal feitos” dos exemplos anteriores. Mas já vi uma palestra dele onde ele diz que o segredo do seu estilo é não usar a borracha. Nunca apagar os defeitos. Os defeitos são parte do desenho dele. É um ilustrador que faz questão de que seu traço nunca seja “perfeito” e usa isso ao seu favor.

Se você gostou desse artigo e acha que não sabe desenhar, aqui vai um desafio! Tenta fazer um desenho usando suas limitações ao seu favor. Se não sabe desenhar uma mão, faça uma mão “feia” de propósito. Liberte seu traço. Não tente fazer algo lindo, só tente fazer algo seu! Você vai ver que não é fácil e requer prática. Mas adotar essa mentalidade eu já considero como um ótimo começo!

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