O renascimento das animações chinesas

Já faz algum tempo que vemos as animações chinesas tomando espaço nos catálogos de streaming. Estourando a bolha do oriente e alcançando telespectadores ao redor do mundo.

Em um post anterior escrevi sobre a era de ouro dos animes no Brasil, mas não é só a animação japonesa que vem se tornando cada vez mais popular no ocidente. Os “Donghua” – assim que são chamados as animações chinesas – tem atraído olhares do público com títulos como “Nezha”, “Monkey King: Hero is Back”, “Big Fish and Begonia” e entre outros.

Nesse começo de ano já tivemos lançamentos incríveis. O Yao – Chinese Folktales foi um sucesso com 170 milhões de visualizações na plataforma de streaming Bilibili. Contendo uma estética maravilhosa com técnicas mistas de pintura a mão feito frame a frame, “splash ink”, animação 2D, paper-cut, stop-motion e CG.

Poster do filme Yao – Chinese Folktales

E o mais recente filme Deep Sea faturou cerca de 65 milhões de dólares, tendo o investimento inicial de 26 milhões. Chamou a atenção principalmente pela sua CG de mais alta qualidade, misturando técnicas da arte tradicional chinesa, resultando numa estética pitoresca, vibrante e maravilhosa. Considerado como o filme que começou essa “era de sucesso de bilheteria” das animações chinesas.

Poster do filme Deep Sea

Uma longa caminhada

Faz pouquíssimo tempo que o Donghuan está passando por esse “renascimento” na indústria. Durante cerca de 30 anos, estava estagnado devido a conflitos não negociados entre o mercado e a escola de animação chinesa, produzida pela Shanghai Animation Film Studios. Além disso, houve uma mudança do público e a falta de “talentos” nos estúdios.

Nezha Conquers the Dragon King (1979)

Tiveram também uma dificuldade de alcançar o mercado global. O público chinês pedia animações com valores confucionistas, com elementos da história e folclore chinês. Porém, o público de fora não se interessava pela temática e visual. Pouco a pouco essas produções estão sendo adaptadas pro “paladar” dos telespectadores estrangeiros, na esperança de se tornarem cada vez mais popular.

Do perrengue ao sucesso

Demorou mais de 10 anos pra que a nova geração de animadores independentes ganhasse força pra participar de produções longas. E esse processo contou com diversos obstáculos.

O diretor Tian Xiao de “The Monkey King: Hero is Back”, quase foi à falência e foi salvo graças ao patrocínio de sua esposa e sogro. Liang Xuan e Zhang Chun com o projeto de “Big Fish and Begonia” teve o apoio financeiro de fãs num sistema de crowdfunding. Jiaozi trabalhou com pequenos estúdios por muito tempo pra fazer o maravilhoso “Nezha”.

Essas histórias nos mostram a corrida dos animadores na produção e comercialização de seus projetos, assim como os diferentes meios que cada um seguiu, resultando num sucesso futuro.

Renovaram o meio de mostrar a mitologia e folclore clássico chinês, sairam do clichê e ao mesmo tempo adaptaram para uma linguagem que conversava com a nova geração de telespectadores. Conseguiram ter sucesso nessa caótica ascensão e queda do mercado da animação chinesa. Juntos, construíram uma nova identidade estética que define a nova era dos Donghua.

Fontes: Polygon, ACAS

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