Criando oportunidades: Mentalidade e como agir no momento pré-freela

Abandonar um emprego não é nada fácil. A gente ouve de todos os que já são freela há mais tempo que é muito melhor e que as possibilidades são infinitas mas lá no fundo, lá no fundo mesmo, a gente não acredita neles. Ou melhor… A gente quer acreditar mas não tem garantia nenhuma do nosso redor de que vai dar certo. Dessa forma, seguimos inseguros.

Quando comecei a pensar em ser freela essa insegurança rodava minha mente pelo menos umas 15 vezes por dia mas, por mais que eu seja uma pessoa ansiosa, busco sempre a pensar em soluções para os problemas que minha cabeça cria. Afinal, designers precisam saber solucionar problemas, certo? Porque não fazer isso de forma como se fosse um jogo mental? Comecei a treinar minha cabeça. Meu cérebro joga um problema e eu fico “mas existe solução para isso?” quase que automaticamente e esse hábito tem ajudado com muitas questões internas.

Obviamente, a questão que mais me assustava era a questão financeira. “E se… eu não conseguisse nenhum trabalho? E se eu não tivesse demanda o suficiente para conseguir me sustentar?”. E logo meu cérebro pensava:

– Ok, e se você juntasse 6 meses do seu atual salário caso alguma coisa aconteça?
– E se pudesse avisar a todos os seus amigos caso soubessem de algo?
– E se eu aprendesse a investir meu dinheiro? Para que aos poucos a renda passiva ao menos pagasse minha conta de luz?
– Poderia contar com meus pais, meu namorado, meus amigos ou até meu antigo emprego caso algo desse muito errado?

Havia o medo também de não ser boa o suficiente. Perguntas como “E se me contratarem mas notarem que eu não sou tão boa assim?” “E se eu não conseguir cumprir com o prazo do cliente?. E logo as respostas já apareciam de imediato:

– E se eu investisse um pouco em marketing pessoal e soft skills? E se meu atendimento fosse meu diferencial?
– Poderia estudar mais aos finais de semana?
– Poderia pedir ajuda a pessoas mais experientes? Pedir dicas, apoio, correções… Entrar em call com elas para que elas me mostrassem como resolver? Posso pedir isso para alguém?

Claro que, essas soluções que eu mesma criava, às vezes pareciam impossíveis e falsas e eu logo buscava conversar com alguém de confiança sobre isso. Na maioria das vezes, recebia apoio e outras vezes, para minha surpresa, recebia respostas ainda melhores que me deixavam ainda mais confiante. Conversar com pessoas é muito importante nessa etapa do medo.

Aos poucos, fui descobrindo o que era vital para que todos os problemas ligados ao medo do desconhecido fossem minimizados e abaixo, cito os principais que me ajudaram nesse momento:

1) Formar uma reserva de emergência: É realmente muito arriscado começar como freela sem ter uma reserva de no mínimo 6 meses. Muitas pessoas nem precisam tocar nela depois que viram freela, mas antes mesmo de servir para ajudar em caso de algo der errado a reserva serve para algo muito importante: Diminuir seu medo. Quando virei freela, tentei alcançar primeiro 4 meses de reserva poupando parte do meu salário e depois, tentei acelerar o processo fazendo algumas commissions e serviços freelancers mais rápidos usando meu tempo livre.

2) Um bom portfólio: De nada ia adiantar eu sair para o mundo se o mundo não sabe com o que eu trabalho. Tentei criar algumas peças para meu portfólio ligadas ao que eu queria fazer: frame a frame. A maioria eram gifs rápidos de alguma coisa que estava estudando no momento, outra era meu portfólio de cut-out com senha com cenas que fazia no trabalho (muitas aqui nem eram tão boas assim mas que me garantiram trabalhos melhores depois). Seu portfólio não precisa ser perfeito. Se tem vergonha dele ou prefere não ser associado aos trabalhos que costumava fazer antes, coloque uma senha e mande para vagas que precisam de coisas semelhantes ao mesmo tempo que trabalha em um portfolio melhor: Um que realmente traduza o que você quer fazer ou que você acredita que seja seu melhor.

3) Uma boa apresentação: Sabemos que isso é importante quando visitamos um site e temos aquela impressão “esse site tem cara de golpe” ou “se eu comprar aqui não tenho certeza que meu produto irá chegar ou se ele terá a qualidade que quero”. Eu senti que é muito importante na nossa carreira criar uma imagem que passe confiança. Claro, essa imagem precisa condizer com sua postura profissional ou ao menos um esforço em prol dessa qualidade. Um site bem feito, um instagram mais organizadinho, um e-mail profissional, documentação sempre em mãos, agilidade ao responder e boa comunicação são muito importantes. A gente ama quando compra em uma loja ou contratar um serviço que tem tudo isso, por que não pensar que podemos desenvolver em nós também?

4) Amigos e grupos da área: Networking é fundamental nesse momento pré-freela. É muito poderoso quando a gente não quer ter o trabalho de prospectar clientes pois na maioria das vezes, quando a pessoa confia em você ela vai lhe passar trabalhos que não consegue dar conta. Como fazer networking? Isso talvez seja um assunto para um outro artigo, mas simplesmente mostrar o que você faz e o que você está estudando já basta. Eu particularmente gosto muito de ajudar a comunidade, assim fico em contato com todos e ao mesmo tempo consigo ajudar quem está começando ou quem precisa de ajuda. Essa troca é muito satisfatória e pode ajudar você a ser lembrado.

5) Aprender sobre dinheiro, investimentos e educação financeira: Antes de trabalhar eu não tinha ideia de como era calculada a inflação de um país ou como a aposentadoria por meio do INSS era rentabilizada, por exemplo. Também não tinha ideia que saber disso iria impactar minha vida de modo positivo. Por mais que muitas pessoas sigam sem saber esse assunto de forma tão profunda, estudar sobre isso virou uma forma de diminuir muitos medos que eu tinha. Não conseguia dormir com medo de não me aposentar, não tinha reserva, não sabia calcular meu preço, não sabia calcular quanto que eu gastava ou quanto que eu precisava juntar para me aposentar sozinha. Não sabia como reconhecer uma taxa irreal de rentabilidade (pirâmides) ou qual investimento era seguro e acessível a mim. Com certeza é a dica mais difícil que eu poderia dar para alguém que está iniciando mas que sem dúvida me ajudou muito com vários medos e incertezas que tinha sobre meu futuro.

Lembrem-se sempre: Conhecimento, vindo dos lugares certos, é a única coisa que irá diminuir tantos medos e incertezas que temos sobre nós e sobre o mundo.

Espero que tenham gostado do artigo, tentei fazê-lo de modo bem breve mas ao mesmo tempo pontuar tudo que achei importante baseado em minha trajetória. Não é nada fácil, para algumas pessoas acaba sendo natural, para outras, é muita informação e muitas etapas para vencer. Mas espero de coração que todos possam se sentir mais seguros depois e, também, se sentirem acolhidos na comunidade de motion do Brasil porque nós aqui do Layer buscamos sempre ajudar e inspirar pessoas a ajudarem quem é iniciante em alguma etapa dessa jornada. 🙂 Abraços!

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