NÃO COBRE POUCO PELO SEU MOTION

Este artigo é um resumo do assunto abordado na última live do Mograph News em que a bancada do Layer Lemonade se reuniu para bater um papo sobre um tema que interessa a todos: precificação, ou melhor, sobre não cobrar pouco pelo seu motion.

O intuito da pauta dessa live foi de complementar o artigo do Gui Jorge, Cobre pouco pelo seu Motion, postado aqui no blog do Layer Lemonade. Com esse título provocativo, que pode ser facilmente mal interpretado, o Gui teve como motivação discutir sobre a realidade dos que estão iniciando agora no motion, que ainda estão longe de captar clientes grandes. Segundo o Gui, o propósito dessa discussão é deixar os novatos em uma posição mais confortável para cobrar “pouco” pelo seu trabalho, considerando que se leva muito tempo para se tornar realmente bom nessa profissão e que a desigualdade no nosso país é imensa. Sendo assim, o iniciante já colocaria o aprendizado em prática com projetos menores, mesmo que ganhando relativamente pouco, mas que pode ser fundamental para manter a motivação de continuar a praticar e se aprimorar cada vez mais. E para ampliar essa discussão, segue a pauta dessa live:

Cobrar um valor pelo seu trabalho que cobre apenas as suas necessidades não significa que ele seja um valor justo e nem que esteja cobrando o que deveria (“justo” é uma avaliação muito pessoal do valor que você deveria cobrar). Se você se basear simplesmente nas suas necessidades, os orçamentos podem ficar bem abaixo do valor ideal. Assim como o valor pode ficar acima do justo por não levar em conta a realidade, ou seja, cobrar mais do que as pessoas cobrariam e que o mercado trabalha. Tem que haver um meio termo, e isso só se consegue ao se comunicar com outros profissionais da área sobre precificação, que pode ser um tabu para muitas pessoas mas não deveria ser, pois é de extrema importância se informar sobre isso. Talvez você esteja cobrando um valor “x” em um projeto e está achando muito, porque esse valor pode ser suficiente para cobrir as suas necessidades, porém pode ser que esse projeto valha cinco vezes mais, sendo o valor que outros profissionais estão cobrando e você não está ciente (profissionais que podem estar no mesmo nível que você ou inferior). O valor justo é o que consegue cobrir todos os custos que envolvem o seu trabalho, incluindo o valor do hardware, software, tempo de aprendizado, gastos com cursos, etc.

O profissional que tem mais experiência e tempo de trabalho tem a obrigação de mostrar para as pessoas que estão começando que existe um valor muito alto agregado a esse mercado. Muitos dos iniciantes não compreendem esse valor agregado e acham que um valor “x” pode ser muito, mas podem não perceber que tudo que envolve a execução do trabalho nessa área é caro. Dependendo do valor cobrado você não consegue nem sequer fazer um upgrade no seu computador, que é sua ferramenta principal de trabalho. Não passa pela cabeça de muitos dos iniciantes que é preciso mensurar os gastos. A primeira coisa que vem a cabeça é cobrar “x” valor, seguido frequentemente pelo pensamento “será que esse valor não é muito caro e o cliente vai recusar?”. Por conta desse medo da recusa o valor cobrado pode ser bem inferior ao que seria justo, mesmo sendo um iniciante. É preciso ter uma reflexão bem minuciosa sobre o valor que é preciso cobrar do cliente, pois, se cobrado muito pouco, é improvável que você consiga reverter esse valor em um próximo projeto com esse mesmo cliente. É necessário ter consciência do quanto vale o seu trabalho, e não simplesmente lançar um valor para ter a segurança de fechar o job, pois você pode achar que está cobrando muito quando na verdade pode ser muito pouco.

No meio da live foi proposto um teste pelo Dhyan para avaliar o quanto é variável a nossa percepção de quanto é muito e pouco dinheiro, feito tanto para a bancada quanto para as pessoas que acompanhavam ao vivo pelo chat. Esse teste foi feito com base em uma proposta de orçamento real feita para o Supernova Duo, que é a seguinte: O cliente propôs que fossem trabalhados 2 meses como freela/fixo in loco (seria o ideal, porém poderia ser remoto) para cobrir as férias de “alguns profissionais” (não se sabe quantos). O salário seria dez mil reais por mês, ou seja, vinte mil reais no total. O trabalho envolvia terminar um projeto que já estava em andamento (um episódio de um série de tv), com storyboard disponível, mas teria que ser feito as ilustrações, motion e animação, envolvendo personagens e outras demandas da casa. O horário a ser cumprido era de oito horas por dia, de segunda a sexta. Sem margem para negociação, sendo pegar ou largar. Sendo assim, foi proposto ao chat as opções “pegar” ou “não pegar”. Se quiser conferir esse espetáculo, pule para o momento 01:02:40 da live.

Depois de uma treta discussão acalorada, foi observado que a maioria das pessoas, tanto da bancada quanto do chat, não pegariam esse trabalho. Resumindo, por mais que dez mil reais por mês seja muito dinheiro, é preciso analisar além da cifra; quão trabalhoso será, quantas funções estará empenhando e se o prazo é suficiente para finalizar o(s) projeto(s). Lembrando que esse projeto não é para um iniciante, levando em conta a quantidade de funções, o prazo e também a qualidade final que era exigida. Uma pessoa mais experiente já se questionaria se um trabalho como esse seria humanamente possível de ser finalizado no prazo estipulado por apenas uma pessoa. É preciso tomar muito cuidado com esse tipo de proposta, mesmo que o valor pago por ela seja tentador. Se você se iludir com o valor da proposta sem considerar que nem todas as exigências desse trabalho foram esclarecidas, pode acabar se envolvendo em um enrascada, pois pode ser que um projeto como esse valha mais que isso ou que não seja possível de ser cumprido, podendo lhe render muita dor de cabeça no processo. A maior parte da live foi focada na discussão dessa proposta, e por conta disso em breve teremos uma parte dois desse tema, pois há muita coisa ainda para ser debatida.

Assista a live na íntegra (disponível acima, no começo deste artigo) para conferir todo o conteúdo discutido a respeito desse tema. Contamos com a sua presença na próxima live do Mograph News, na quarta-feira às 16h.


O Mograph News é realizado nas quartas-feiras às 16h (no canal do Youtube), feito pelos membros da staff do Layer Lemonade, que são profissionais que atuam na indústria de animação e motion design. As lives iniciam sempre com algumas notícias, vulgo rapidinhas, sobre as novidades do Layer Lemonade e da indústria de animação e motion design. Logo após, são lidos alguns comentários feitos nas postagens do Layer Lemonade nas redes sociais, e a bancada discute acerca deles, cada qual fazendo suas considerações. Há um assunto diferente em pauta a cada semana, sugerido pelo chat que acompanha ao vivo ou pela própria bancada. Os membros da bancada são: Dhyan Shanasa e Ester Rossoni (os Supernova Duo), Bibi Politi, Gabriel FelixGui JorgeLouise BonnePola Lucas e Rafael Arame.


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