O retorno das animações em Stop Motion

A animação Pinocchio dirigida por Guillermo del Toro estreou no cinema dia 24 de Novembro e estará disponível na Netflix no dia 9 de Dezembro.

Desde sua infância, del Toro alimentava sua paixão por animações em stop motion, sendo muito influenciado pelo animador Ray Harryhausen. Depois de dirigir muitos filmes em live action, há 10 anos atrás começou a focar sua carreira na animação.

Juntando o artesanato com animação, o stop motion tem um estilo muito único, trazendo diversas texturas e personagens excêntricos pros enredos que em sua maioria possuem temas mais exóticos e sombrios.

Um pequeno declínio

Apesar de serem visualmente muito atraentes, há um bom motivo para que as animações desse estilo não sejam frequentemente utilizadas por diretores. As produções são muito demoradas, trabalhosas e extremamente minuciosas. Isso porque inclui toda a construção dos personagens, figurinos e cenários, tirar foto a cada pequeno movimento, sem contar com a pós-produção.

Por exemplo, no filme Kubo and the Two Strings (2016) cada animador conseguia fazer 4.3 segundos de animação por semana e algumas vezes menos que isso. No total o filme levou 5 anos pra ser feito.

Com a evolução do VFX e CGI e o mercado imediatista, muitos diretores passaram a optar pelas animações feitas totalmente em computação gráfica pois eram mais práticas e rápidas.

O Casamento entre CGI e Stop Motion

Atualmente a maior parte dos filmes em stop motion incluem o uso da CGI. Geralmente é usada em cenas mais complexas, assim como o oceano em Kubo e o ambiente enevoado em Coraline

Já na animação Oni: Thunder’s God Tale, depois que perceberam que não daria tempo de finalizar toda a animação em stop motion, eles optaram por fazer a animação toda em CG numa estética similar ao do stop motion.

Oceano criado em CG no filme Kubo and the Two Strings

A volta dos que não foram

Já faz algum tempo que vemos animações em stop motion tomando conta de grandes bilheterias e propagandas, sendo uma aposta para as tendências de 2023.

Nesse ano tivemos vários títulos honrosos, assim como Marcel the Shell with Shoes On, The House, Wendell and Wild e o mais aclamado Pinocchio.

Depois de tantas animações feitas em CG, o público vem se cansando desse estilo e pedindo algo diferente. Parece que agora as produções mais “artesanais” estão se revitalizando e conquistando os diretores, financiadores e telespectadores.

Wendell and Wild, animação disponível na Netflix.

Muitos diretores falam que o estilo único do stop motion não é algo que pode ser feito em computação gráfica. Isso se dá ao fato que os personagens encontrados nos filmes são reais, feitos muitas vezes de feltro ou massinha. Os movimentos criados trazem uma estética meio vintage, o que contribui pro imaginativo dos telespectadores de quando eram crianças e brincavam com bonecos, criando assim uma maior conexão emocional com o filme. Além do mais, consegue transparecer a personalidade do criador, dando um ar mais autêntico para a obra.

Em sua entrevista no site Collider, del Toro fala do por que decidiu utilizar stop motion em sua animação Pinocchio:  “Uma das coisas que queríamos era que fosse notável que a animação era em stop motion. Você pode ver os tecidos se movendo e os objetos meio trêmulos.(…) Quando começamos a conversar, queria que todo mundo entendesse que no começo aquilo eram miniaturas, e depois eventualmente caíssem no mundo do Pinóquio. A chave principal do Pinóquio era O Pinóquio.(…) Na minha percepção da história, a única solução seria um personagem animado que tivesse o material de madeira, o que era perfeito para animação em stop motion.”

Fontes: Ukessays, Collider

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