Quais projetos valem mais a pena para um Freelancer?

Como freelancers precisamos gerir bem o nosso recurso mais importante: o tempo. Isso significa, às vezes, dizer não pra algum projeto ou decidir entre aceitar um em detrimento de outro. Mas e aí? Como saber qual projeto vai valer mais a pena, trazer mais benefícios para nossa carreira e nos ajudar a subir de nível?

É claro que, em determinados períodos, não podemos nos dar ao luxo de escolher demais entre aceitar e recusar um projeto, mas acredite, a medida que sua vida de freelancer vai evoluindo, você terá momentos em que precisa escolher se aceita ou não determinada demanda. Nosso (distante) objetivo como freela é chegar a um nível em que sempre possamos escolher os projetos que queremos fazer, mas pouquíssimas pessoas atingem este ápice.

No seu livro The Freelance Manifesto, Joey Korenman mostra um gráfico que é essencial para entender quais projetos valem mais a pena. Depois de entender isso, a forma com que eu enxergo as demandas que recebo mudou completamente.

Imagem da página 52 do livro The Freelance Manifesto de Joey Korenman

Este gráfico parte de uma ideia muito interessante que, além de tudo, ensina um pouco sobre precificação de projetos.

No eixo horizontal nós temos a quantidade de dinheiro que ganhamos em determinado projeto. No eixo vertical temos pain (dor), que é o quanto aquele trabalho é chato, burocrático e pouco criativo. Em outras palavras, o eixo vertical se trata do quanto o projeto  vai te proporcionar um bom vídeo para portfólio.

Isto nos trás um entendimento de que trabalhos chatos, difíceis e pouco criativos devem custar mais caro. Normalmente (claro, não podemos generalizar) estes trabalhos vêm de empresas maiores, mais sólida e com um branding rígido demais para abarcar ideias muito criativas. Projetos de varejo são um bom exemplo. Eles são conhecidos por terem uma qualidade estética questionável e muito dificilmente alguém ganhará um prêmio de Motion com um projeto para a Ricardo Eletro.

Em contrapartida, os projetos mais legais, nos quais você tem muita liberdade criativa, são de menor orçamento e vêm de startups ou empresas menores e inovadoras. E claro, quando o orçamento é zero, ou seja, se trata de um projeto pessoal ou para ajudar alguma ONG, você tem liberdade total e vai, certamente, ter um resultado que brilhará no seu portfólio.

Criar projetos pessoais para ONGs a fim de gerar portfólio foi um dos insights que eu tive no Anymotion 2018 e eu falo um pouco mais sobre isso no artigo “O que aprendi no Anymotion 2018”.

O gráfico mostra, portanto, que temos um caminho que leva a dois extremos: por um lado podemos fazer projetos super engessados e receber bastante dinheiro por eles, e por outro lado fazer projetos super criativos mas ganhando pouco ou nenhum dinheiro.

No meio do caminho temos os projetos que não são nem tão criativos e nem tão chatos, e pagam um valor razoável. Por mais que você possa estar pensando o contrário, é exatamente destes trabalhos que você tem que fugir! Isso mesmo! O ideal é que estejamos sempre próximos dois dois extremos, nunca no meio-termo. Deixe-me explicar melhor…

O que vai te dar notoriedade como Motion Designer, vai elevar seu nível profissional e te fazer crescer na carreira são justamente os seus trabalhos feitos por muito pouco dinheiro, mas com uma liberdade criativa enorme. Trabalhos pessoais, por exemplo, são os que permitem que você demonstre todo o seu potencial e criatividade, sem amarras dos clientes ou limitações de orçamento. Portanto, para tornar estes trabalhos viáveis, precisamos nos dedicar a projetos burocrático mas que pagam bem. Os trampos chatos devem, literalmente, financiar os seus trabalhos criativos. Você pega esses projetos engessados, acumula uma boa grana com eles, e vai ter tempo para se dedicar a projetos que você realmente quer fazer.

Esteja sempre nos extremos e fuja do “meio do caminho”. Os projetos que não são tão criativos e pagam um valor razoável não vão te trazer a possibilidade de trabalhar em projetos realmente interessantes e não vão gerar nenhum portfólio muito incrível também…

Quando aparecer aquele projeto que te faz pensar “que chato!”, fique feliz e cobre um valor alto por ele (só vale a pena se o valor for realmente bom). Estando confortável financeiramente, você vai ter a oportunidade de fazer os projetos que realmente vão dar um upgrade no seu portfólio e te tornar um Motion Designer de sucesso.

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A ilustração da capa é de Fausto Montanari.

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