TIPOS DE MOTION

Você conhece muitos tipos diferentes de motion design? Segue neste artigo uma breve definição de alguns deles e alguns exemplos para cada um, além de 4 profissionais da área que falaram um pouco sobre o tipo de motion que cada um trabalha no dia a dia.

MOTION 2D FLAT

Definição

É uma forma de se referir a uma área que abrange diversos estilos estéticos 2D. Essa área é muito ampla e inclui um incontável número de subgêneros, mas podemos dizer que o termo “Motion 2D Flat” é mais usado para peças no estilo Material Design, Memphis Design e derivados.

Onde é mais usado

Publicidade, vídeos explicativos, vinhetas, institucionais, ID de canais de TV e Youtube.

Motion Design Essencial Spot – Dhyan Shanasa
Strava | Year in Sport – Giant Ant

2D ESTILIZADO

Definição

É um subproduto do Motion 2D Flat, porém com uma estética visual mais carregada e uso significativo de texturas e efeitos. Em geral, são animações com formas mais abstratas e personagens distorcidos, fazendo uso de aberração cromática, noises e distorções de lente.

Onde é mais usado

Publicidade, vinhetas, Youtube.

Abstract – BlinkMyBrain
Mailchimp | Introducing Facebook ADS – Giant Ant

COLAGEM

Definição

Área secundária da Mixed Media e do Motion 2D Estilizado: que envolve recortes de imagens, mix de recortes com formas flat e uso excessivo de texturas e efeitos.

Onde é mais usado

Publicidade, vinhetas, Youtube, clipes musicais.

Chal Enlace Music Video – Dhyan Shanasa
Kean Fruits – Yeti Pictures

MIXED MEDIA

Definição

É uma área que mistura várias técnicas ou estilos de mídia. Pode envolver a integração de imagens live-action com animações 2D, 2D com 3D, rotoscopia, 3D com live-action, animação com linguagens experimentais. É uma área mais livre para experimentação.

Onde é mais usado

Publicidade, vinhetas, Youtube, clipes musicais.

C2C | The Beat Official Video – Dai-Dai Tran
Malaria No More – Lobo + Alton + Supernova Duo

UX MOTION

Definição

Trata-se basicamente de animações e interações de interfaces digitais. Isso inclui interfaces interativas de celular, tablet, PC, console, HUD, etc. Mas o UX também inclui animações não interativas em áreas como cinema e games.

Onde é mais usado

Qualquer tela digital, games e cinema.

Mobile app | Energy Life – Outcrowd
Banking app animation – Andrew Larin

MOTION 3D

Definição

É o motion executado na linguagem 3D. Atualmente engloba linguagens bem estilizadas e bem próximas do 2D, apesar de ainda ser em planos 3D.

Onde é mais usado

Publicidade, broadcast (varejo), clipes musicais, vídeos explicativos.

Airbnb India | Nina – Buck
Amazon Halo | Launch Film – Buck

ANIMAÇÃO DE PERSONAGEM

Definição

Consiste em dar movimento a uma pessoa, animal ou objeto que deva ganhar “vida” como personagem. Esse estilo de animação pode ser 2D ou 3D. Pode ser feito no AE, Toon Boom, Spine ou Moho (no caso do 2D); Maya, Cinema 4D e Blender (no caso do 3D).

Onde é mais usado

Publicidade, broadcast (varejo), clipes musicais, vídeos explicativos.

HPE Pointnext – Hello Savants
Travel Channel | Travellers Etiquette – Aleksander Saharovsky

MOTION COMICS

Definição

É um estilo de animação que surgiu na década de 60 e remete a dar movimento à histórias em quadrinho. São animações simples e com uma ideia mais estática, normalmente com paralax para dar profundidade à cena e com movimentos simples e sutis.

Onde é mais usado

Indústria de games e quadrinhos.

Elementalist Lux | Login Screen League of Legends – Adam Oliveira
Bianca [Punishing: Gray Raven] | Animated splash art – Rafael Arame

FRAME A FRAME

Definição

É a animação clássica, feita à mão, onde desenha-se literalmente quadro a quadro os personagens e cada detalhe de uma cena, seguindo à risca os 12 princípios de animação.

Onde é mais usado

Publicidade, vinhetas e Youtube.

Le Cube + Psyop – Le Cube
The Line X No Ghost | Gundam – The Line & No Ghost

BROADCAST

Definição

Esse estilo também pode ser chamado de Animação de Cartela ou Motion para Varejo, seja 2D ou 3D. São peças formadas com imagens e grafismos com foco em promoções, comunicados ou informações que devem ser passadas de forma ágil.

Onde é mais usado

Publicidade.

Casas Bahia | Aplicativo CB – Mixer Films
VT Ofertas Economart – Cinne Comunicação

Tivemos nessa live a participação especial de 4 motion designers que enviaram um áudio – Dimitri Paiva, Rafael Arame, Filipe Caldas e Vitoria Coelho – cada qual falando um pouco sobre o tipo de motion com que eles costumam trabalhar nas suas rotinas:

Dimitri Paiva, Motion Designer e Artista 3D Freelancer, de Fortaleza/CE (para ouvi-lo, basta pular o vídeo para o momento 40:22): “Sou motion designer e artista 3D, mas antes de ser isso eu era estudante de direito. Larguei a faculdade no finalzinho, quando eu estava fazendo a monografia. Larguei porque conheci o mundo do audiovisual e simplesmente fiquei fascinado por ele. E não demorou muito para eu começar a trabalhar com After Effects em uma empresa de mídia digital outdoor, especialmente fazendo motion varejista para elevadores, academias shopping centers, supermercados, essa coisa toda que você provavelmente já viu. E depois comecei a me interessar por 3D porque, enfim, era o que realmente chamava mais a minha atenção nessa área. E, lógico, fiz alguns cursos, mas na maior parte do tempo acabei sendo autodidata e comecei a trabalhar com Cinema 4D, durante cerca de mais ou menos uns 10 anos. Até que de uns 4 anos pra cá eu comecei a trabalhar exclusivamente com o Blender em tudo o que faço no meu dia a dia. Esse salto foi muito importante porque eu adoro o programa, adoro o fato de ser gratuito, adoro a comunidade e o espírito em torno do programa ser open source. Então, acabou sendo uma transição muito importante pra mim a nível pessoal e também profissional, porque eu sou freelancer desde 2012, trabalhei também em emissoras de TV e estúdios e acabei virando freela há muito tempo. Essa jornada de freela há quase uma década exigiu que eu acabasse sendo quase polivalente: que trabalhasse com vários estilos dentro do motion mas também um pouco fora dele, no sentido de dominar modelagem, criação de personagens, rigging e um pouco de direção de arte também. Então, são coisas que a vida de freelancer meio que exigiu para que eu ganhasse dinheiro, no final das contas. Essa mistura, transitando entre os estilos e hoje culminando em trabalhar com o Blender acabou sendo bastante benéfico. Eu aconselho sempre a não ter medo de fazer transições, a largar algo e começar outra coisa e mudar a sua carreira, seja sair de um estúdio ou, sei lá, qualquer empresa que você trabalhe na área criativa. E vá ser freelance! Ou o contrário. Se a vida de freelancer não está dando certo, também não tenha medo. E o principal, sempre esteja confortável e feliz onde você está.”

Rafael Arame, Motion Designer Freelancer, de Natal/RN (para ouvi-lo, basta pular o vídeo para o momento 52:46): “Eu tenho focado em Motion Comics como freelancer há algum tempo. É um estilo que o processo de criação tem muito a ver comigo e, de um modo geral, o mercado que demanda por Motion Comics paga em dólar, então esse é um ponto bem forte. O que acontece é que eu tomei a decisão de investir nesse segmento meio que por acaso, e tudo foi bem despretensioso e orgânico. Acho que tem a ver muito mais com o meu gosto por trabalhar com isso do que qualquer outra coisa. Eu já tenho quase 15 anos trabalhando com audiovisual e já tinha feito alguns Motion Comics, mas nada parecido com o que faço hoje. Era algo bem primitivo mesmo, até para o patamar das animações clássicas como ‘Whatchmen’. E não poderia ter sido diferente, já que minhas referências nesses casos não eram lá as mais inspiradoras, por pura falta de interesse meu em procurar também, vale salientar. Eu tinha uma regrinha na cabeça que me engessava muito, que era: qualquer coisa que não se assemelhasse a animação japonesa ou Disney era inferior. Então, de cara, eu já nem tinha expectativa de criar algo interessante porque Motion Comics era algo super ‘limitado’, sendo que isso falava mais sobre mim do que o contrário. Foi um trajeto bem longo até perder esse preconceito, mas eu consegui a maturidade que em permitisse enxergar o valor em outros tipos de animações; não só o Motion Comics mas qualquer animação, de uma forma geral. Apesar disso, me faltava ainda referências, e eu acho que os games foram muito importantes nesse sentido. Cada vez mais eu fui conhecendo e admirando títulos que exploravam ao máximo os recursos de Motion Comics, e isso foi me instigando a tentar reproduzir a técnica. Aí o plot twist veio quando eu achei alguns tutoriais mostrando um processo simplificado de animação de uma produtora de games bem grande. Eu reproduzi aquilo e postei nas minhas redes sociais, e lembro que foi algo bem aceito pela galera que me seguia. O mais interessante é que eu meio que já possuía a habilidade técnica para fazer aquelas animações; tipo os 12 princípios de animação, plugins, efeitos, animação de personagens, essas paradas todas eu já sabia, mas me faltava visão e a confiança de que era possível chegar naquele resultado, e aí esses tutoriais que me mostraram essa possibilidade. Então eu decidi aprimorar a técnica estudando muito, e até mudei as minhas redes sociais; apaguei tudo que não tinha a ver com Motion Comics. E com o tempo as oportunidades foram surgindo, tanto no campo publicitário quanto no de games. Eu tive até uma contribuição em um curta-metragem para um museu na Irlanda, e foi bem legal fazer esse trabalho. Isso tem sido bem transformador pra mim. Eu sei que tudo é um processo, e não sei como estarei daqui a 5 anos, mas tudo tem sido bem mais do que eu poderia imaginar.”

Filipe Caldas, Motion Designer Freelancer, de Salvador/BA (para ouvi-lo, basta pular o vídeo para o momento 01:02:44): “Eu digo que sou motion designer somente quando eu estou trabalhando em projetos autorais, porque aí eu preciso fazer todo o processo desde a concepção até a animação da peça que eu estou criando. Mas quando se trata de projetos comerciais com clientes, eu me vendo somente como animador, especialmente como animador de personagens. Eu já tentei trabalhar com várias áreas diferentes do motion. Tentei ser um motion designer generalista, mas não me adaptei muito bem, porque o generalista precisa ser muito versátil e conseguir transitar por diferentes áreas de conhecimento e atuação e resolver demandas dentro dessas áreas. E eu sou uma pessoa que precisa de mais foco, ficar centrado em um único ponto para desenvolver aquilo. Eu não sei trabalhar muito com informações fragmentadas. Tenho a sensação de que como generalista eu ia ficar sempre arranhando as bordas das áreas de conhecimento, e nunca realmente me aprofundando nelas, portanto, eu nunca conseguiria entregar um produto de qualidade dentro de alguma dessas áreas; seja um produto de grande qualidade dentro do 3D, ou um produto de grande qualidade dentro da animação de personagens. Óbvio que existem generalista que conseguem entregar produtos de qualidades em diversas frentes, mas eu nunca me adaptei a isso. E foi por isso que eu resolvi escolher alguma coisa para focar, e foi assim que eu cheguei na animação de personagem, por várias questões. A primeira questão é que em qualquer computador que cumpra os requisitos básicos de hardware para se trabalhar com motion, eu consigo fazer animações de personagem com qualidade, então eu sinto que eu teria muito mais liberdade para transitar entre computadores diferentes, se fosse necessário, do que se eu trabalhasse com 3D. Outra questão é que o mercado de animação de personagens dentro do motion tem um funcionamento muito próprio. Ele está aquecido e tem muito serviço; se você trabalha bem com personagens, você sempre vai ter algo para fazer, sempre vai ter alguém te procurando. Dessa forma, eu consegui focar nisso e me desenvolver de forma mais rápida, porque eu não precisei focar em outros aspectos de outras áreas de conhecimento. Então, muito rápido eu consegui mais e mais atingir serviços melhores que pagavam mais e demandavam uma qualidade técnica maior de mim, e muito rápido eu senti que evoluí nessa área. Animação de personagem é um universo por si só, tendo sempre algo para você aprender. Você pode se aprofundar muito em como fazer um bom rig; você pode se aprofundar muito em como fazer uma animação sem usar rig; ou se aprofundar muito em frame a frame e em como utilizar isso em conjunto com outras técnicas de motion e animação de personagem. Quando você foca e se desenvolve bem nisso, você tem grandes chances de ser muito procurado. Hoje em dia eu não preciso fazer design e não preciso fazer ilustração. Só com a animação eu consigo viver, e muitas vezes sequer eu preciso planejar a cena que eu vou animar. Normalmente já vem o storyboard pronto, com os movimentos pré-planejados por alguém, e eles só precisam de alguém que pegue as ilustrações, faça o rig e consiga fazer uma animação de qualidade aplicando os 12 princípios de animação. Esse mercado é aquecido o bastante pra isso.”

Vitoria Coelho, Motion Designer do G1, de São Paulo/SP (para ouvi-la, basta pular o vídeo para o momento 01:06:09): “Eu sou motion designer generalista. Atualmente eu estou no G1, na globo. Eu escolhi ser generalista porque ainda não sei muito bem no que quero me especializar, mas como generalista é bom porque você vai experimentando tudo o que você puder. Se eu quero trabalhar com explainer video, eu posso fazer; se eu quero mexer com personagem, eu posso fazer; se eu quero fazer um GC apenas, eu posso fazer. O bom do generalista é que você vai experimentando e vendo no que você é bom e no que você tem mais dificuldade, e também no que você pode melhorar. Por enquanto eu quero melhorar nos meus personagens, mas não é uma área que eu quer focar. Se eu precisar, eu consigo fazer um personagem, mas não é uma área que eu pretendo focar muito. Então, o bom do generalista é que eu posso ver meus pontos fortes e meus pontos fracos. Para mim, isso que é o bom do generalista e ser generalista por enquanto. Para mim, o essencial é sobre isso.”


Este artigo é um resumo do que foi abordado na live TIPOS DE MOTION, episódio 30 do Manual do Freelancer.

O Manual do Freelancer é uma série de lives apresentadas por Dhyan Shanasa Ester Rossoni (os Supernova Duo), trazendo dicas para a comunidade e aprofundando na parte mais burocrática da indústria de motion design e animação. As lives do Manual do Freelancer acontecem nas segundas-feiras às 16h, no canal do Layer Lemonade no Youtube. Você pode conferir todos os outros episódios na playlist do Manual do Freelancer. Logo após o término da live, o episódio fica disponível automaticamente no canal.

Assista a live na íntegra (disponível acima, no começo deste artigo) para conferir todo o conteúdo discutido a respeito desse tema. A parte final da live é dedicada a responder perguntas, deixadas pela comunidade no chat ao vivo e também na caixa de perguntas disponibilizada no Instagram do Layer Lemonade e do Supernova Duo. Contamos com a sua presença na próxima live do Manual do Freelancer, na segunda-feira às 16h.


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