O labirinto audiovisual do videoclipe de “Alife” do Slowdive

“Alife” é uma música que se aprofunda na melancolia e apresenta reflexões angustiantes, com Neil Halstead assumindo a liderança, bem como Rachel Goswell no vocal. Por meio de letras enigmáticas, duas almas encontram a coexistência tormentosa.

Jake Nelson foi o responsável pela direção da animação, e conseguiu interpretar fielmente as letras sombrias de Alife, utilizando ilustrações em tons de cinza que acompanham a história de uma tecnologia que supera seu criador. O conceito por trás do vídeo gira em torno do termo “solve et coagula”, que em latim significa “para reconstruir, é preciso desmantelar”. Os resíduos industriais se envolvem com a flora e fauna , transformando-se em entidades conscientes e tendo como resultado uma destruição inevitável. 

Jake já trabalhou em “Tár” e “O Grande Hotel Budapeste”, ademais dirigiu o curta-metragem “O Astrônomo Reverso” em 2018 e ganhou prêmios no Palm Springs International Animation Festival, Victoria Film Festival, Florida Film Festival e no Los Angeles Animation Festival.

O uso de IA no processo de criação

Para o vídeo de “Alife”, nenhum selo ou produtor estava envolvido, permitindo que o cineasta e a banda tivessem total controle criativo. A princípio, para facilitar a produção do vídeo, Jake utilizou o Midjourney pra criar alguns dos cenários. Em uma entrevista com o Cartoon Brew, Jake disse:

“Eu sei que isso é controverso, mas vou manter minha decisão. Isso me permitiu ser ágil e manter a separação necessária do ofício. O tempo entre a ideia e a concretização foi muito curto. A liberdade criativa que me foi concedida ao permanecer autônomo é um testemunho de quão poderoso um artista pode ser ao usar todas as ferramentas à sua disposição. Além disso, meu uso de IA é relevante para o conceito central do vídeo. A história trata de uma criação transcendendo o poder do criador.”

Ele assumiu todo o processo de produção, desde storyboard, modelo, rigging, animação, textura, iluminação, cenário e até a edição. Com essa liberdade criativa, foi possível desenvolver o conceito e experimentar durante o trabalho, sem se preocupar muito com a eficiência dos recursos.

Apesar de usar IA em sua animação, Nelson se alinha à ideia de que a inteligência artificial é uma ferramenta e não acredita que a tecnologia possa replicar a criatividade ou engenhosidade humanas.

“Eu não acho que os artistas perderão seus empregos. Ainda não vi IA com uma alma. A IA é boa em criar rostos ‘perfeitos’ (entediantes) e conceitos carentes de sofisticação ou bom gosto. Gosto do fato de que, para se destacar da IA, os artistas agora precisarão retratar pessoas com falhas e rostos assimétricos em ambientes com texturas sutis.”

Por fim, para complementar as referências visuais, saca só esse post do artista Nejc!

Fonte: Cartoon Brew

Comentários

comments