Roteiro: os problemas mais comuns em vídeos explicativos

Vídeos explicativos são um dos produtos mais comuns em estúdios de animação, motion design e produtoras de vídeo. Em muitos trabalhos do tipo, é possível detectar a valorização de elementos estéticos como direção de arte e animação, em detrimento de algo tão importante quanto estes já citados, o roteiro.

O roteiro é o coração de qualquer peça publicitária, filme ou série. Existe uma máxima que diz: é possível fazer um filme ruim com um roteiro bom, mas produzir um filme bom com roteiro ruim é impossível. Diante da importância e delicadeza de se produzir um bom roteiro, listamos os principais gargalos e problemas na hora de se produzir um roteiro para vídeos explicativos:

1 – Falta de clareza sobre a persona de seu produto ou serviço.

Vale lembrar que as personas vão mudando (morrendo) ao longo do tempo

A Persona é uma representação do seu público, o seu cliente ideal. Quando você conhece cada detalhe do seu público, fica muito mais fácil oferecer uma solução criativa e inovadora que realmente faça sentido para eles.

A Persona terá todas as características que seu cliente tem: desejos, medos, objetivos, hobbies, interesses, relação familiar, faixa salarial. Quanto mais detalhes você tiver, melhor.

E é muito comum roteiros de vídeos explicativos não conversarem com seu público-alvo por falta de informação e muitaaaa pesquisa. Este detalhe é extremamente importante quando se oferece um produto ou serviço: uma persona pode e deve mudar ao longo do tempo, cabe a você estar atento a que tipo de pessoas você está atraindo para seu negócio.

Algumas ferramentas que poderão te ajudar no entendimento do que é persona

  1. O fantástico gerador de personas
  2. Kit Personas e Jornada de compra
  3. Infográfico sobre criação de personas

2 – Excesso de informações inúteis ou síndrome do varejo.

“É bom escrever porque reúne as duas alegrias: falar sozinho e falar a uma multidão.” Cesare Pavese

Para quem está habituado a escrever ofertas de produtos para o varejo, tirar o vício de “narrativas” agressivas e poluidas de informação não é tarefa fácil. Para tanto, um quesito básico na escrita de roteiros e criação de storytellings poderá ajudar: o ritmo.

Conte a história muito devagar e a audiência perderá o interesse. Mas, vá muito rapidamente, e eles poderão não acompanhar. Acelere e diminua o ritmo da história de acordo com a tensão, desde que você possa avaliar seu público e mantê-lo com você.

O ritmo também se aplica à velocidade com que você conta a história pessoalmente, quando você deve passar tanto a história em si como a maneira como você conta. Esta técnica de narração de histórias é crítica em vídeos, discursos, chamadas de vendas, etc, pois a voz é o meio.

Você também deverá dosar e avaliar quais informações são realmente interessantes para seu público e para seu vídeo. Lembre-se, o excesso de informação tende a confundir seu interlocutor.

Uma boa dica é:

  1. Realize Brainstorms com sua equipe.

Durante esta antiga e conhecida técnica, você terá insights poderosos na hora de escrever um roteiro. No caso de freelancers que são “one man or woman show”, realize este procedimento com diversas pessoas de sua confiança profissional, é incrível como podemos aprender com nós mesmos ao dizer determinados assuntos em voz alta.

Um Brainstorm bem-feito nos ajuda a descartar ideias e informações inúteis aos nossos objetivos.

3 – Não entender o propósito do vídeo: B2B ou B2C.

Antes de mais nada, vale lembrar que, caso seu público-alvo seja outras empresas (B2B), você deverá encará-las como uma persona do teu negócio (em dúvidas sobre o que é persona, releia o item.1 desta lista). Posto isso, existe um diferença enorme em se escrever para uma empresa ou para uma pessoa física.

Na minha experiência, sempre houve um ruído enorme quando empresas queriam criar um vídeo explicativo, pois a grande parte, queriam oferecer seu produto ou serviço, de uma só vez, em um único vídeo, para empresas e pessoas físicas ao mesmo tempo.

Pegue o caso de uma empresa desenvolvedora de aplicativos, por exemplo. Muitos aplicativos tem perfis separados para empresas e consumidores finais. E, é muito provável, que você não consiguirá comunicar sua ideia para ambos em um mesmo vídeo.

Sugestão feliz:

  1. Crie vários vídeos de menor duração com segmentação de públicos diferentes.

Lembre-se, seu público apenas se engajará no que você oferecerá, caso sinta que aquilo é personalizado para as necessidades dele.

Atualmente, ferramentas como Facebook e Instagram Ads, possuem uma gama de ferramentas poderosas de criação de anúncios segmentados. Ao passo que, vídeos menores, dependendo do próposito, claro, são ideais para redes sociais.

4 – Desconhecer estruturas clássicas de roteiro.

“Como dizer de que maneira nasce a ideia ? Quais itinerários tantas vezes desconexos ou dissimulados ela percorre?” Federico Fellini

O uso de padrões e arquétipos reconhecíveis ajuda tanto você quanto seu público a saber o que vem depois. É o jeito mais fácil de se começar qualquer roteiro, principalmente se você não está familiarizado com estruturas de roteiro.

Embora isso possa às vezes tornar a história um pouco previsível, esses padrões clássicos existem desde a época do cinema clássico e são aproveitadas em peças que usam storytelling na publicidade.

Os padrões de história mais comuns são:

  • a jornada do herói
  • a missão, a viagem ou a aventura
  • vinda de idade ou descobrir-se
  • triunfo pessoal
  • eventos/fatos históricos

Sugiro fortemente a leitura dos seguintes livros:

  1. Story: Substância, Estrutura, Estilo e Princípios da escrita de roteiros – Robert Mckee
  2. Manual do Roteiro – Syd Field
  3. Manual do roteiro, ou Manuel, o primo pobre dos roteiros de Cinema e TV – Leandro Saraiva e Newton Cannito

Um ótimo exemplo de como aplicar técnicas clássicas de roteiro em um vídeo para empresas, está na peça “June” , desenvolvida para o app Lyft, concorrente da uber,.Reparem no poder que há em uma jornada do herói bem desenvolvida:

5 – Apostar demais em trending e não em branding.

Pensar em vídeos explicativos seguindo as tendências do momento (Trending), no primeiro momento, poderá lhe passar a sensação de que seu vídeo “soará como profissional”. Afinal, não é assim que todos estão fazendo? Entretanto, se olharmos atentamente para esta questão, veremos que seu vídeo poderá ser incluindo no limbo dos clichês. Um vez que, existirá um oceano vermelho de produtos iguais aos seus: de mesma narrativa, estética e animação.

  1. Uma estratégia que poderá lhe ajudar é:

Faça Branding. Procure desenvolver uma linguagem própria em seus materiais, e, se possível, uma estética própria. Isso não é tarefa fácil, roteiristas experientes demoram anos para desenvolver esta habilidade. Caso você ainda não se sinta apto para desenvolver roteiros do tipo, uma boa solução é contratar uma boa equipe para, em um primeiro momento, se diferenciar esteticamente, por exemplo.

Um ótimo exemplo, é esta animação do The Interpreter (New York Times), na qual, foi desenvolvida pelo Motion Designer brasileiro, Ariel Costa. Apesar de não se tratar de um vídeo explicativo, confira quanto é singela a fusão entre texto e estética:

(Veja, também, nossa Live com Ariel Costa na qual ele fala um pouco sobre a importância de se desenvolver um Branding pessoal como artista – CLICANDO AQUI)

Um ótimo exemplo de vídeo que foca no Branding de sua marca junto à sua persona é esta peça criada para a empresa OpenText:

6 – Ignorar ferramentas e técnicas de storytelling.

Ser um exímio profissional forjado em técnicas bem construídas de Storytelling poderá ser um diferencial e tanto. Pois, existem várias premissas básicas de como se iniciar uma boa história para marcas. Mas, como este artigo se extenderia demais cintando cada uma, deixo, aqui, uma matéria que encontrei no blog Voozer que dão uma ideia geral de algumas técnicas:

“Era uma vez…” tsc, tsc, tsc!

Assista também estes 3 vídeos do canal The Futur, de Chris Do (Blind):

How To: Tell A Great Story— 5 storytelling tips
Framing Your Shot – Composition and Storytelling
Use Story Structure & Formulas To Write Better

Bem, espero ter contribuido com algumas questões sobre este vasto campo que é, no fim das contas, escrever.

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